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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

OS PROFETAS ( ESTUDO )

INTRODUÇÃO

São 17 os livros dos profetas para somente 16 profetas visto que Jeremias escreveu dois, o livro que traz o seu nome e Lamentações.
Ordinariamente se chamam estes livros de: “Profetas maiores e Profetas menores. Como segue:
Profetas maiores: Ísaias, Jeremias, Ezequiel, Daniel.
Profetas menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Esta classificação baseia-se no tamanho dos livros. Cada um dos três  livros, Isaías, Jeremias e Ezequiel, é em si mesmo maiores do que todos os 12 profetas menores, juntos. Daniel é quase igual ao tamanho combinado dos dois maiores profetas menores, Oséias Zacarias.
Podemos separar os 16 profetas em dois grupos, pois 13 deles profetizavam anunciando, à nação que se não mudassem o seu modo de vida e retornassem aos caminhos do Senhor a nação seria destruída. Os outros 3 se dedicaram a profetizar durante a restauração da nação depois do cativeiro.
A destruição da nação foi consumada em dois períodos :
A queda do Reino do Norte (Israel), entre 732 – 722 a. C. antes deste período e durante ele, houve: Joel, Jonas, Amós, Oséias, Isaías e Miquéias.
A queda do Reino do Sul (Judá), entre 605 – 587 a. C, neste período houve: Jeremias, Ezequiel, Daniel, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias.
A restauração da nação ocorreu entre 538 – 445 a.C e relacionado com este período estavam os profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias.

O FATO HISTORICO

O fato histórico que deu ocasião á obra dos profetas foi a apostasia das dez tribos no fim do reinado de Salomão ( 1 Reis 12 ). Como medida política, para conservar separados os dois reinos, o Reino do Norte adotou como religião oficial o culto ao bezerro de ouro, um aspecto da religião do Egito.
Logo depois adicionaram o culto a Baal, que também teve grande influência no Reino do Sul. Nessa crise, quando o povo de Deus O estava abandonando e se entregando á idolatria das nações vizinhas, e quando o nome de Deus estava desaparecendo do espírito do povo e os planos do Divino, que visavam a redenção final do mundo, reduzia-se a zero, neste tempo surgiram os profetas.

PROFETAS E SACERDOTES

Os sacerdotes eram os mestres religiosos do povo regularmente designados. Constituíam uma classe hereditária e muitas vezes foram os homens mais ímpios da nação. Ainda assim eram mestres religiosos.
Ao invés de bradar contra os pecados do povo, muitas eles próprios caíam  em pecado e tornavam-se lideres na iniquidade.
Os profetas ao contrario dos sacerdotes não eram um classe hereditária. Cada um deles recebiam diretamente de Deus o seu chamado, e procediam de diferentes profissões. Jeremias e Ezequiel foram sacerdotes; e talvez também Zacarias, Isaías, Daniel e Sofonias pertenceram à realeza, Amós foi agricultor. Quanto aos demais, não se sabe o que foram além de serem profetas.
A MISSÃO E A MENSAGEM DOS PROFETAS FORAM:
  • Procurar salvar a nação de sua idolatria e impiedade.
  • Falhando em livrar a nação da idolatria, anunciaram que a nação seria destruída
  • Mas não destruída  completamente, um remanescente seria salvo.
  • Ø Do meio deste remanescente sairia uma influência que se espalharia por toda a terra e traria a Deus todas as nações.
  • Ø Essa influência seria um grande homem, que um dia se levantaria na família de Davi, os profetas O chamaram de “ Rebento”. A árvore da família de Davi, que fora a mais poderosa do mundo, foi cortada nos dias dos profetas, para governar um reinozinho desprezado que tendia a desaparecer; uma família de reis sem reino; esta família faria uma volta espetacular. Reapareceria, do seu tronco brotaria um renovo, um rebento tão grande que se chamaria “ O Rebento”.
O período inteiro dos profetas, cobriu mais ou menos uns 400 anos: 800 – 400 a .C. O fato central desse período foi a destruição de Jerusalém, cronologicamente isto ocorreu aproximadamente no meio deste período. Com esse fato, sete dos profetas estiveram envolvidos, efetivamente ou cronologicamente: Jeremias, Ezequiel, Daniel, Naum, Habacuque e Sofonias. A queda de Jerusalém foi o tempo de maior atividade profética, pois os profetas procuravam evita-la ou explica-la. Ainda que o próprio Deus permitia a destruição de Jerusalém. ( embora que humanamente falando Deus fez o que pode para evitar essa destruição ).
Mas de qualquer modo, Deus enviou uma falange de  brilhantes profetas, em um esforço de salvar Jerusalém.
Não conseguindo salvar a Cidade Santa pecadora, os profetas começam a dar explicações e garantias de que o colapso do povo de Deus não significa o aniquilamento dos planos divinos, que, depois de um período de castigo, haverá uma restauração e, para o povo de Deus um futuro glorioso.
A MENSAGEM DE CADA PROFETA, EXPRESSA EM POUCAS PALAVRAS
  • Joel: visão da dispensassão do Evangelho, colheita das nações pelo Senhor.
  • Jonas: vislumbre do interesse do Deus de Israel nos inimigos de Seu povo.
  • Amós: a casa de Davi, ora repudiada por Israel, ainda regerá o mundo.
  • Oséias: o Senhor repudiado por Israel, um dia será Deus de todas as nações
  • Isaías: Deus tem um remanescente, para o qual existe um futuro glorioso.
  • Miqueias: o Princípe vindouro de Belém, e seu reinado universal.
  • Naum: juízo pendente sobre Ninive.
  • Sofonias: a vinda de nova revelação, chamada por um nome novo.
  • Jeremias: o pecado, a condenação e a futura glória de Jerusalém.
  • Ezequiel: a queda de Jerusalém, sua restauração e o futuro glorioso.
  • Obadias: Edom perecerá de todo, por causa da sua inimizade ao povo do Senhor.
  • Daniel: os quatro reinos, e o reino universal e eterno de Deus.
  • Habacuque: certeza do triunfo final para o povo do Senhor.
  • Ageu: o segundo templo, e o templo maior que há de vir.
  • Zacarias: o rei vindouro, sua casa e seu reino ilustre.
  • Malaquias: mensagem final à nação Messiânica.

ISAÍAS ( Jeová salvou )
Nome de um dos profetas de Judá,  e profetizou nos reinados de Ozias, Jotão, Acaz e Ezequias, Is 1: 1; cp. 6: 1; 7: 3; 14: 28; 20: 1, 2 e caps. 36 a 39. Era filho de Amós, nome este que não se deve confundir com o profeta, pastor de Tecoa. Residia em Jerusalém,  e profetizou sobre Judá  e sobre a sua metrópole. O que ele disse, referente a Samaria, Damasco, Filístia e outras nações, acha-se subordinado às profecias sobre Jerusalém, em virtude das estreitas relações entre Sião e o povo de Deus. É fato discutível, se a visão que ele teve, no ano em que o rei Ozias morreu, cap. 6, assinala a  data de sua chamada para o ofício profético, ou se tem por fim determinar a época de sua intensidade profética. Outros, além dele, experimentaram semelhante período de intensificação espiritual. A  vocação inaugural de Ezequiel foi iniciada por uma visão; posteriormente, quando já era notável no seu ministério, foi confirmado neste ofício, e semelhante a Isaías, instruído sobre a indiferença com que o povo  recebia as suas mensagens, Ez 33: 21-33.
Poderia ser também que o Senhor Deus tivesse o propósito de confirmar a vida espiritual de Isaías, por meio de uma visão nova. Pelo ano 734 A. C., este profeta já era casado Is 8: 3, e  tinha um filho chamado, Jasube, que quer dizer, os retos voltarão, 7: 3. Nasceu-lhe outro filho que se chamou, segundo indicação divina, Maersalal-has-bas, que quer dizer: Apressa-te a  tirar os despojos. Faze velozmente a presa. Ambos os nomes dos filhos do profeta, eram nomes de profecias a se cumprir. A esposa de Isaías  também era denominada profetisa, simplesmente por ser mulher  dele, 8: 3.
Isaías falou muito sobre as  relações de Israel, tanto políticas como religiosas com os outros povos. Com referências às relações, insistia com o rei e com o povo a por a sua confiança em Deus e a evitar alianças com os outros povos, 8: 12-14.
No ano 734 A. C., quando a Síria e Israel se coligaram para tomar Jerusalém  e por no trono de Judá um rei de sua confiança, o profeta  declarou em nome de Jeová que tal plano haveria de falhar. Porém, foi sem resultado que o  profeta  tentou convencer o rei Acaz a confiar só em Deus, e a não  descansar no apoio  dos príncipes pagãos. Acaz, imprudentemente  rejeitou estes conselhos, e chamou em seu auxílio a Tiglate-Pileser  fazendo-se seu vassalo, 2Rs 16: 7, 8, 10. No reinado de Ezequias, os conselhos do  profeta tiveram melhor acolhimento. Os assírios invadiram a Judéia no ano 714 A. C., 2Rs 18: 13; Is 36: 1. Logo depois, no mesmo ano, Ezequias  caiu doente; o profeta anunciou-lhe o estabelecimento  da saúde, 2Rs 20: 1-11. Seguiu-se a embaixada de Merodaque, Baladã, 712 A. C., Is cap. 39, a conquista de Azoto pelo exército de Sargom; 711 A. C. cap. 20, e a expedição contra Jerusalém por Senaqueribe, em 701 A. C., 2Rs 18: 14. Durante estas  últimas crises, as profecias de Isaías animaram o governo a  recusar as propostas dos assírios.
A data da morte do profeta e as circunstâncias em que ela se deu, não se conhecem com certeza. O rei Ezequias morreu no ano 698 ou 697 A. C. O assassínio de Senaqueribe e a ascensão de Esar-Hadom ao trono da Assíria, que se  deu no ano 681, ainda são mencionados no cap. 37: 38. Tradições judaicas  de pouco crédito dizem que Isaías foi martirizado por Manassés que o mandou serrar pelo meio, pensando alguns que a isto  se refere o cap. 11: 37 da epístola aos Hebreus. A referida parece  certa, porque o profeta começou o seu ministério depois do ano 740 A. C. nos reinados dos quatro reis, Ozias, Jotão, Acaz e Ezequias; sobreviveu a este último rei, cujos atos registrou, 2Cr 32: 32, teve conhecimento do assassínio de Senaqueribe. O seu martírio  deveria dar-se pelo ano dezoito do reinado de Manassés, mais ou menos, quando o profeta atingia a idade de 80 anos. Seja como for, quando ele escreveu a história do rei Ozias, 2Cr 26: 22, serviu-se das fontes históricas autorizadas, referentes à primeira parte do reinado.
ISAÍAS O PROFETA MESSIÂNICO  ( SALVAÇÃO DE DEUS )
Isaías foi profeta do Reino do Sul ( Juda ) ao tempo em que o Reino do Norte (Israel ) foi destruido pelos Assirios. É chamado profeta messiânico porque viveu completamente certo de que seu povo seria a nação messiânica para o mundo, isto é, nação mediante a qual, um dia, grande e prodigiosa benção desceria de Deus para todas as nações, e, continuamente sonhava com o tempo em que aquela maravilhosa obra seria realizada entre as nações. De todas as escrituras proféticas o livro de Isaías é a mais formosa e sublime, em nenhum dos outros livros profeticos encontramos uma visão tão goloriosa da vinda do Messias e da chegada do seu reino. Por causa da enfase dada à graça de Deus e à Sua obra redentora com relação a Israel e às nações o livro de Isaías é chamado do “ Quinto Evangelho” e o seu autor “ o Evangelista do Antigo Testamento”.
Isaías foi chamado ao ministério no reinado de Uzias ( cap. 6 ), profetizou ao Reino do Sul ( Juda ), viveu nos reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, sua vocação deu-se no ano em  que Uzias morreu; porem algumas de suas visões podem Ter ocorrido mais cedo    ( Is. 6. 1 ), segundo tradição judaica, foi morto por Manassés. Podemos calcular que a data de seu ministério ativo enquadra-se mais ou menos em 740 – 680 a . C, abrangendo assim um período de 60 anos ou mais.
Como já falamos Isaías começou a profetizar no final do reinado de Uzias, por volta de 740 a . C, passando assim por Jotão, 740 – 732 a . C, durante o reinado de Acaz, 732 – 716 a . C, durante o reinado de Ezequias, 716 – 687 a . C, e foi morto morto pelo rei Manassés, por volta do ano de 680 a . C, sendo serrado ao meio.
A mensagem do livro de Isaías, começa com uma vigorosa denuncia dos pecados de Judá e Jerusalém, tendo como finalidade admoestar a nação, do iminente julgamento, devido a idolatria e as alianças seculares, e lembrar a nação o plano divino de libertação especialmente o seu programa redentor através do Messias, que primeiro viria como servo sofredor, mais tarde, como o governador de toda a terra.
O Novo Testamento diz que: Isaías viu a glória de Cristo e dEle falou ( Jo.12. 41 ).
A divisão do livro de Isaías:
I. Introdução, cap. 1.
II. Profecias contra Jerusalém, caps. 2-4, em conjunto com outras profecias a ela relacionadas, cap. 5. A profecia sobre Jerusalém, contida no cap. 4, tem o seu ponto culminante nos efeitos que se haviam de manifestar, e também na descrição gloriosa dos tempos messiânicos. Esta profecia deveria ter sido proferida durante os prósperos tempos dos reinados de Osias e de Jotão.
III. A visão contida no cap. 6, que, segundo todos pensam, está em íntima relação com o Livro de Emanuel, caps. 7 a 12.
IV. Os dez pesos  sobre as nações, caps. 13 a 22, separados pelo cap. 20, que é de importância internacional, em duas séries de cinco pesos cada uma e culminando com o juízo anunciado sobre o mundo inteiro, cap. 24, seguido pela vitória de Judá, caps. 25 a 27.
V. Um grupo de profecias, referentes exclusivamente a Judá e a Samaria, caps. 28 a 33, culminando, como antes, com os juízos sobre todas as nações, e vaticínios sobre as futuras glórias de Sião, caps. 34 e 35.
VI. Seção histórica, caps. 36  e 39, descrevendo as operações de guerra dos assiro-babilônios sobre Judá, introdução ao livro das Consolações que serviu de lenitivo às dolorosas denunciações contra Judá, caps. 40 a 66. Este livro das Consolações trata da  relação da igreja judaica com Jeová,  caps. 40-48, e com as nações pagãs, caps. 49 a 57, das diferenças que  separavam o espírito nacional e  do futuro glorioso da Igreja, caps. 58 a 66. A personagem saliente nestes capítulos é o servo do Senhor .
Koppe, em 1797, pôs em dúvida a  autenticidade do cap. 50. Logo depois, Döderlein afirmou que a composição dos vinte e sete  capítulos finais pertenciam  ao período  do exílio. Esta opinião que se tornou  extensiva  aos capítulos 13 e 14 até ao v. 23; ao capítulo, 21, v. 1-10; aos capítulos 24 a 27, e 34  e 35, teve numerosos advogados. Ainda outras passagens foram  adicionadas a  estas, à proporção que apareciam necessidades de ajustamento, tais como o capítulo 11 v. 10, até ao capítulo 12 v. 6. A mesma unanimidade de opiniões não existia, quanto a por em dúvida a sua autenticidade. Os argumentos em  favor da teoria principal, são em número de três: 1. Antigüidade de linguagem e peculiaridades de estilo; 2. Alusões à condição dos judeus e dos gentios, revelando o tempo do exílio; 3. As narrativas acerca das condições do povo, combinam-se com os  fatos históricos; porém, as que se referem a acontecimentos futuros não tiveram confirmação.
A estes argumentos tem-se  dado as seguintes respostas; 1. Não existe uma simples palavra de época remota, nem um simples elemento de origem estrangeira, que não fossem correntes em Jerusalém, nos tempos de Isaías. Todas as palavras, frases e modos de dizer,  se encontram na literatura antiga dos hebreus, ou podem  ser explicadas pela história dos tempos. Quanto ao estilo, pode dizer-se que as suas  peculiaridades são consistentes com  ser o livro de Isaías obra  de um só autor. O estilo de Shakespeare também  variou. A sua atividade literária durou cerca de vinte  e cinco anos. Neste período, contam-se quatro períodos distintos de  suas produções assinaladas pelas  diferenças de estilo. A atividade literária de Isaías  estendeu-se, pelo menos, até quarenta ou sessenta anos. Pode-se argumentar com as peculiaridades de estilo? Aqueles que negam que Isaías  seja o autor das passagens citadas, devem explicar em que consiste a semelhança de estilo. Augusti defende-as dizendo que “elas são elaboradas inteiramente em harmonia com o espírito e com a  forma peculiar de Isaías.” Gesenius e De Wette atribuem a semelhança de estilo  ao espírito de imitação ou a uma autoria estranha que procurou cingir-se à linguagem de Isaías. Umbreit denomina o autor das passagens em discussão  “Isaías ressuscitado” dentre  os mortos. 2. Aos argumentos sobre as alusões contidas nesses capítulos ao estado dos judeus e gentios, como sendo referentes ao tempo do exílio, respondem: a) Os profetas transportam-se freqüentemente ao futuro e descrevem as suas predições como  realizadas em tempos passados, por exemplo, as tribos de Zebulom e de Naftali haviam sido devastadas e os seus habitantes conduzidos ao cativeiro. O profeta Isaías, referindo-se a ela, diz: “Este povo que andava em  trevas viu grande luz” (Is 9: 2). b) São poucas as alusões  feitas a Babilônia, ao exílio e à  restauração.
O profeta Isaías e outros seus contemporâneos já existiam antes do exílio para Babilônia. Existe apenas um evento em conexão com o exílio referido pelo autor, mas que era perfeitamente conhecido aos israelitas nos dias  de Isaías. Os profetas daquela época vaticinaram a destruição de Jerusalém e do Templo, Am 2: 5; Mq 3: 12; Is 3: 8; 6: 11; a desolação da terra de Judá, Os 8: 14; Am 9: 11, 14; Is 3: 25, 26; 6: 11, 12; 32: 13; o cativeiro seria em Babilônia, Is 39: 6, 7; cp. 11: 11; Mq 4: 10; que os cativos haviam de voltar do exílio, Jl 3: 1; Is 11: 11; que Jerusalém e o Templo seriam reedificados, Mq 4: 2; não obstante a profecia sobre a destruição da cidade, 3: 12; cp. Jl 3: 16, 17, 20, e que muitas gentes viriam a  Jerusalém para adorar o Senhor, Is 2: 2-4; 11: 10; 18: 7; Mq 4: 1-3. c) As condições espirituais  do povo, mencionadas nestes capítulos, pertencem ao tempo de Isaías, tais como: a idolatria debaixo das árvores frondosas, Is 57: 5 e 1: 29; 2Rs 16: 4, e no meio dos carvalhos, 57: 5, e 1: 29; Os 4: 13 e nos jardins, 65: 3; 66: 17, e 1: 29, no sacrifício de seus tenros filhos, 57: 5 e 2Cr 28: 3; 33: 6; 2Rs 23: 10, oferendo sacrifícios nos altos, 57: 7 e 2Cr 28: 4; Os 4: 13; cp. Ez 6: 13; a hipocrisia, 58: 2-4; 29: 13; a violação do sábado 58: 13; Am 8: 5; Jr 17: 19-27; o derramamento de sangue e a violência, 59: 3, 7 e 1: 15; Mq 7: 2, a falsidade,  a injustiça e a opressão, 59: 4, 6, 7, 9; 5: 7, 23; 10: 1, 2; Mq 2: 1, 2; 7: 3; abandono da casa de Deus, 43: 23, 24; 2Cr 28: 24; 29: 27; 2 Rs 15: 4; 2Cr 27: 2; 2Rs 15: 35; 2Cr 33: 10. Os sacrifícios sobre ladrilhos, 65: 3, era imitação das práticas do paganismo no Egito, na Assíria ou em Babilônia, que os israelitas imitavam em Jerusalém antes do cativeiro, 2Rs 23: 12; Jr 19: 13. Ofereciam  carne de porco e comiam dela, 65: 4, em companhia dos egípcios e dos babilônios nas festas de Selene e de Dionísio (Heród. 2: 47, 48). 3. Ao argumento que  as afirmações a respeito da condição do povo se combinam com os fatos históricos, ao passo que as que se referem  a acontecimentos  futuros não tiveram  confirmação, responde-se que tais afirmações se aplicam com igual força  aos escritos de Isaías reconhecidos como tais. Ele prediz a destruição das cidades, a completa desolação do país e o exílio  de  seus habitantes para uma terra longínqua, 6, 11, 12. Tudo isto se cumpriu ao pé da letra. Porém, ele também profetizou que à raiz de Jessé que está posta por estandarte dos povos, a ela mesma virão fazer-lhe suas rogativas as nações, e será glorioso o seu sepulcro; anunciou a  volta do povo de Deus de todas as partes do mundo, secando as  correntes que possam impedir a sua marcha, abrindo um caminho largo desde a Assíria para as relíquias de seu povo, e fazendo que o lobo e o cordeiro habitem juntos em paz, 11: 6-8, 10, 12, 15, 16; veja também Am 9: 11-15; Mq 5: 4; 7: 12. Estas predições são semelhantes às que na última parte do livro, são taxadas de expressões extravagantes de um entusiasta, e que ficaram sem cumprimento. A não ser que estas numerosas passagens  sejam eliminadas, o profeta Isaías, e com ele os seus contemporâneos, que viveram dois séculos antes da queda de Babilônia, escreveram muitas vezes, nos mesmos termos precisamente como o autor da última secção já referida. Um dos pontos em que se apóia a negação da autenticidade dos últimos vinte e sete capítulos, é a menção do nome de Ciro, 44: 45. 1. Josias também foi nominalmente profetizado, 1Rs 13: 2. Se é possível a profecia, se ela foi proferida por homens  santos ensinados pelo Espírito Santo, então o nome do rei  Ciro foi escrito pelo profeta Isaías. De outro modo, as palavras como se acham no seu livro não foram profetizadas senão duzentos anos depois da vida do profeta. A Igreja sempre acreditou nas  profecias de Isaías e na sua inspiração.
JEREMIAS ( JEOVÁ ESTABELECE )

O LIVRO DE JEREMIAS

A par das profecias, o livro de Jeremias revela a vida espiritual de seu autor. Por causa de haver denunciado os juízos de Deus contra seu povo, caiu sobre ele o ódio de seus conterrâneos, com tal violência que chegou a lastimar-se de haver nascido, 15: 10; 20: 14-18. Porém, permaneceu fiel à sua missão. Era sozinho, mal compreendido, malignamente acusado, perseguido, vendo nulificados todos os seus esforços para elevar o moral do povo, privado do conforto do lar e das alegrias da família, 16: 1-9. Muitas vezes esteve privado de sua liberdade, achando-se só com Deus, em quem buscava conforto e consolação. Nesta intimidade aprendeu a confiar só nele e a sentir a sua responsabilidade pessoal para com ele, 17: 9; 31: 29, 30. Deu em resultado esta lição da experiência, que em Jeremias se encontrou o modelo  da perfeita comunhão com Deus. Religião no coração e na vida é a nota das pregações de Jeremias. Foi chamado para o exercício dessas funções cinco anos antes da descoberta eventual do livro da lei dentro do templo, quando se procedia aos consertos do edifício.  Estava ele no meio de seu trabalho profético quando o rei Josias, dominado pela profunda impressão que lhe havia produzido a leitura do livro, iniciou a cruzada contra a idolatria, provocando um renascimento religioso em  todo o país. Jeremias, por sua vez, exortou o povo a dar ouvidos às palavras do pacto divino ratificado no monte Sinai,  com as ameaças de castigo pela sua violação, acompanhado de preciosas bençãos no caso de ser observado, 11: 1-8. O profeta exortava o povo contra o perigo de uma reforma apenas de costumes: indicava o coração e a vida íntima como o centro de operações espirituais. Nesta obra didática inspirava-se nos métodos dos antigos profetas, empregando provérbios familiares, e firmando-se nos preceitos da lei moral, 1 Sm 15: 22; Is 1: 11-17; Am 5: 21-24; Mq 6: 6-8; Pv 15: 8; Dt 10: 12.
Fazia constante uso das negações para dar ênfase às antíteses, Dt 5: 3. Negava o valor dos sacrifícios e insistia na eficácia da obediência. Deus, realmente, ordena os sacrifícios, Ex 20: 24; 23: 14-19; Dt 12: 6, mas não falava de sacrifícios: este não era o seu tema; Deus falava da conduta moral, Jr 7: 21-28; cp. 6: 20; 14: 12. O sacrifício da obediência é o que agrada a Deus, 17: 24-26; 27: 19-22; 33: 10, 11, 18. Os sacrifícios e os jejuns daqueles que se apartam de Deus não lhe são agradáveis, nem ele os aceita, 14: 10-12. Confiar que Jeová está no meio de Israel, que ele está no templo é confiança vã, como é vã a posse da lei de Jeová. A obediência, e só ela tem valor, 7:4-7; 8: 7-9. Eventualmente nem mesmo a própria arca era lembrada, 3: 16. Deus olha o coração, 11:20; 17:10; 20:12. Para servir a Deus é preciso remover as paixões carnais, 4: 4; cp. Dt 10: 16, lavar o coração, 4: 14, e voltar-se para Deus 3: 10; 17: 5. Oportunamente, o profeta anuncia a existência de novo pacto, quando o povo receberá novo coração, no qual Deus escreverá as suas leis, 24: 7; 31: 33; 32: 39, 40. As suas visões descobrem a glória futura do reino de Israel. Daqui em diante, esta verdade toma  assento no coração e se fixa na mente do povo de Deus.
Jeremias escreveu algumas das suas profecias no reinado de Joaquim, mas o rolo do livro foi destruído por este rei, 36: 1- 23. Rapidamente foi reproduzido com bastante adições, v. 32. O atual livro de Jeremias acha-se enriquecido com o aumento das últimas profecias, e foi preparado no fim de seu ministério. As profecias de períodos diferentes foram colecionadas em conjunto e outras de um só período encontram-se distribuídas pelas várias partes do livro. O volume de Jeremias consta do seguinte: Introdução, narrando a chamada do profeta, cap. 1; três seções contendo profecias que se prendem aos acontecimentos sociais que lhe serviam de motivo, caps. 2-51, e um apêndice histórico adicionado talvez por outro escritor, 52, cp. 51: 64. As três seções proféticas são:
I. Anunciando a aproximação dos juízes de Deus sobre Judá e a promessa de ser este resgatado do exílio, caps. 2 até 33, incluindo gerais denunciações  sobre Judá, caps. 2-20, sobre os chefes  religiosos e civis, 21-23, descrição dos julgamentos divinos e de seus desígnios e duração, 24-29, e as profecias anunciando as bençãos conseqüentes aos juízos de Deus, 30-33.
II. História descrevendo o modo por que seriam executados os juízos de Deus, 34-44, inclusive o estado de corrupção em que se achava o país, por ocasião de ser destruída  a cidade, 34-38; narrativa da destruição de Jerusalém, cap. 39; e das miseráveis condições em que ficaram os restos do povo, e bem  assim o que Deus anunciava a seu respeito, caps. 40-44.
III. Profecias acerca das nações estrangeiras, 46-51 com uma introdução dirigida a Baruque, cap. 45. Os caps. 23: 5-8; 30: 4-11 e 33: 14-26, falam do Messias, e os caps. 31: 31-40; 32: 36-44 e cap. 33, tratam da nova aliança que Jeová havia de fazer com a casa de Israel. O texto dos Setenta difere consideravelmente do hebraico: os caps. 46-51 estão dispostos em ordem diversa entre si, mas a seção inteira colocada depois do cap. 25: 14- 26; 39: 4-13 e o cap. 52: 28-30, não se encontram no grego; em muitos outros lugares a versão grega é mais breve que o texto original; exemplo: 2: 1, 2; 7: 1-3. A brevidade do texto é muitas vezes originada na ausência de palavras sem importância, como sejam a omissão  do vocábulo profeta; quando se fala de Jeremias; exemplo: 28: 5, 11, 15, da palavra rei quando se menciona o nome próprio; exemplo: caps. 36: 32; 37: 17, e vice-versa, caps. 26: 22, 23; 37: 18, 21, a expressão dos exércitos depois da palavra Jeová, 6: 6, 9; “Senhor dos exércitos, o Deus de Israel”, em que se emprega apenas o nome Senhor, 7: 21; 19: 15, e a expressão “assim diz o Senhor”, 2: 9; 3: 10; 7: 13. A ordem  cronológica das profecias e das narrações, de acordo com as datas que elas contém, é como segue:
NO REINADO DE JOSIAS QUE FOI 31 ANOS:
AOS TREZE ANOS DE SEU  REINADO, CP. 1
Entre o ano 13 até o ano 31 Caps. 2-6 (cp. 3: 6) e talvez os caps. 7-12 e 14-20
No reinado de Joacaz, que durou 3 meses: Nada
NOS 11 ANOS DO REINADO DE JOAQUIM:
No princípio Caps. 26 e talvez 22: 1-19 (cp. 10, 18, 19)
No quarto ano Caps. 25, 36, 45, 46: 1-12
Depois do quarto ano Cap. 35 (cp. 1, 11)
NOS TRÊS MESES DO REINADO DE JOAQUIM:
Provavelmente, 22: 20-30 e talvez cap. 13 (cp. 18 com 22: 26 e 2Rs 24: 12)
NOS 11 ANOS DO REINADO DE  ZEDEQUIAS:
No princípio Caps. 24, 49: 34-39
No quarto ano Caps. 27 (cp. 3, 12; cap. 28:1). 28; 51:59-64
Durante a primeira parte do sítio, quando Jeremias ainda  estava solto Cap. 34
Durante a interrupção do sítio. Cap. 37 (cp. 4, 5)
Depois da continuação do sítio, quando Jeremias estava preso Cap. 32 (no décimo ano)
cp. 33: 38, 39, 15-18.
NA JUDEIA, DEPOIS DA QUEDA DE JERUSALÉM:
Caps. 39: 1-14; 40: 1 até 43: 7.
No Egito 43: 8-13; e 44
Sem data e às vezes com indicação de tempo Caps. 23, 30, 31, 45, 46.
13 até cp. 48 e 49 a 51: 58
Apêndice Cap. 52
8. Nome de um dos sacerdotes que voltaram de Babilônia com Zorobabel, Ne 12: 1.
9. Nome de um sacerdote chefe de família que assinou o pacto de separar-se de mulher estrangeira e  de guardar a lei de Deus, Ne 10: 2.

AS DOUTRINAS E MENSAGENS DO LIVRO

1. Bem vistas as coisas, parece que o profeta Jeremias fracassou na sua missão, mas isso apenas parece.  Todos os grandes vultos da história devem esperar por esses fracassos aparentes.  Jeremias tinha apenas uma missão ou um dever: cumprir a vontade de Javé, que o havia chamado ao ofício, sendo o cumprimento desse dever a sua  suprema missão.  isso ele cumpriu e nisso foi triunfante.  isso se poderia dizer de outros  profetas, que tiveram iguais lutas nós seus dias.  O profeta não era um funcionário público, com uma tarefa burocrática a realizar.  Era um “funcionário” de Deus, com missão que nem sempre entendia bem.  Cumprir essa missão ou essa tarefa era a suprema ventura do homem vocacionado.  Com esta missão em vista, os desentendimentos que surgiram, ele sabia, eram frutos do pecado, que dominava o povo de alto a baixo.  Onde reina o pecado, reina a desavença, o desamor e a Intriga.  Essas más qualidades coroaram a carreira curta do profeta.
2. Jeremias verificou que o antigo Concerto estava arruinado o os serviços religiosos do templo eram apenas máscaras mal postas, porque o que Deus requer não é oferendas materiais, e, sim, um coração humilde e quebrantado.  Teria até chegado à conclusão de que templos, rituais, sacerdotes e levitas, tudo era farsa religiosa, em que os homens tinham perdido o sentido da sua missão, para se entregarem a serviços religiosos que nada tinham de religião.  Para um jovem lsraelita limpo e decente, isso teria sido uma triste desilusão.  Como Iria ele, Jeremias, servir a um povo que tinha perdido o senso religioso e de suas relações com o seu Deus?  Consolava-o o fato de Deus ser o mesmo dos antigos tempos, e não tinha mudado em nada.  Quem mudou foi o povo, Deus não.  Então essa constatação o aliviaria do pesadelo da admitida falência de tudo quanto se praticava na religião.  Em nossos dias também podemos chegar a essas tristes conclusões.  Se sabemos, porém, que Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre, então não há que desanimar.  Os ecos da revolução religiosa, provocados pelo achado do Livro da Lei no templo, nós dias de Josias, e a reforma que efetuou, estariam esmaecendo e o povo voltando à sua vida fútil e sem religião de quando o livro foi encontrado.  Temos para nós que Jeremias teria vibrado com as novas do livro, como o fez Josias em 621.  Todavia, os dias de serviço ao povo logo o teriam convencido de que aquilo teria sido um fenômeno passageiro, como tudo nesta vida.  Então se encontraria com um elemento à parte: a lei de Deus e a Sua vontade, de um lado, e do outro, a Indiferença religiosa dos seus conterrâneos.  Acrescente-se ainda terem sido as condições políticas e sociais cada dia mais graves, com os exércitos egípcios e babilônios rondando as muralhas de Jerusalém. Sabendo dos planos divinos para castigar essa gente, que ânimo teria o profeta para a sua missão?  Ele visitaria o templo como bom judeu e veria como o povo continuava na prática da religião ritual, com os sacrifícios e oferendas, embora tendo o coração longe de tudo isso.  Mas o ritual era a religião, e, se os judeus não uniam a religião à prática, isso era problema deles, e não seu.  A  constatação de tais fatos serviria para reforçar a sua convicção de que era preciso lutar.
3. isso tem levado alguns comentadores a acreditar que Jeremias se opunha ao ritual do templo, por considerar nulos os sacrifícios.  Parece que essa posição não é válida.  Jeremias, como bom judeu, não poderia deixar de gostar até de praticar os serviços religiosos do templo.  O que o aborrecia, como bom crente, era a futilidade de oferecer sacrifícios que não eram acompanhados do espírito de adoração.  Tais sacrifícios seriam mera formalidade, e Deus não os aceitaria.  Parece-nos intuitiva essa posição, pois sabemos que ritos e formalidades religiosas só valem se o coração do ritualista estiver de fato consagrado a Deus.  Qualquer outra posição é pura fantasia religiosa, pura ficção, com o que Deus não pactua.  A luta de Jeremias, pois, era em prol de uma conversão a Javé é com um coração devoto e humilde.  Qualquer outro tipo de religião, seja judaica ou mesmo cristã, é nula em seus efeitos perante Deus.  Os sacrifícios foram inventados para materializar um estado do coração.  Se isso inexistia, então o sacrifício de nada valia.  Esse lado é o grande ponto do judaísmo, como de outras religiões cerimonialistas.  O crente perde-se no labirinto do cerimonial, cumpre uma certa formalidade, mas, quanto ao seu coração, está longe de tudo aquilo.  Todos estamos dentro desse circulo de ferro.  Entregamos nossos dízimos e ofertas em puro dever eclesiástico, por uma obrigação que se nós impôs ou a qual nós impusemos, e nós sentimos satisfeitos após realizadas tais  obrigações, embora no final nada fizemos, porque, se o dízimo, ou oferta, não foi acompanhado pelo coração agradecido, de pouco valeu para a pessoa.  Esta seria, sem dúvida, a luta do profeta com os sacerdotes e oficiais do templo, e quem estivesse de fora compreenderia que ele se Insurgia contra o ritual, contra as ofertas pelo pecado e pela culpa, conforme o caso.  Se esse fato merecer a atenção do leitor, seja pastor, seja diácono ou um simples adorador, é bom recordar: o que vale é uma oferta de coração, à moda da moeda da viúva pobre (Mar. 12:42), que ofereceu uma oferta materialmente nula, por sua Insignificância, mas foi a que mereceu do Mestre o maior louvor.

AUTORIA DO LIVRO

Com ligeiras discrepâncias, todos os grandes comentadores aceitam Jeremias como autor deste livro.  Nascido em Anatote, no reinado de Josias, talvez em 626 a.C., recebeu a chamada do ministério profético no décimo terceiro ano do reinado de Josias em 626 a.C., e profetizou até a destruição de Jerusalém, em 585 a.C., e depois no Egito, em Tafnes, até data Ignorada.  Sabemos que no ano 37? do cativeiro, ou seja, em 561 a.C., ele ainda vivia.  Do seu destino final a história guarda segredo.  Profetizou durante os anos de Josias, sendo que poucas profecias desta época temos; durante o reinado de Jeoacaz, de que não temos qualquer profecia; e durante os reinados de Jeoaquim, Joaquim e Zedequias, especialmente deste último, em que teve acentuada atividade, numa tentativa Inútil de salvar a nação.  Foi um dos profetas mais ativos do Velho Testamento.

A DATA DO LIVRO

É fácil a colocação do profeta e suas atividades na vida de Israel.  Deus chamou o profeta em 626 a.C. Ele assistiu à derrocada de Nínive em 612 a.C.
Tomou parte nós funerais de Josias em 609, e até escreveu uma Lamentação a propósito da morte do bom rei (II Crôn. 35:25).  Assistiu à Invasão de Neco em Jerusalém e teria sido, até certo ponto, o conselheiro do rei Jeoacaz, deposto por Neco, e de seu Irmão Eliaquim, cujo nome foi mudado por Neco para Jeoaquim, à subida deste ao trono.  Acompanhou o destino da nação judaica até o seu fim, e esta quadra histórica constitui o todo da sua profecia.  Quando Nabucodonozor tomou a cidade e a destruiu, em 586 a.C., protegeu a Jeremias e o entregou aos cuidados de Gedalias, novo governador de Judá, e com quem ficou até ser levado à força para o Egito.  Lá escreveu cartas aos cativos de Babilônia e produziu ainda outras profecias.  Pensam alguns comentadores que dessa data em diante Jeremias desaparece da cena.  Entretanto, ele aparece ainda no capítulo 52:31-34, referindo-se à subida de Evil-Merodaque, filho e sucessor de Nabucodonozor, ao trono de Babilônia, no ano 372 do cativeiro, ou seja, em 561 a.C. Depois dessa data desaparece, e temos dúvidas se ele assistiu ou não à volta do povo para Judá, quando Zorobabel foi comissionado por Ciro, rei da Pérsia, para construir o templo.  Possivelmente Jeremias teria morrido nesse ínterim ou estaria tão velho que não poderia tomar parte nós negócios de Judá.  A vida do povo judaico no Egito tomou um curso muito diferente do de Babilônia.  Os que seguiram para o Egito foram por uma rebelião, e Deus prometeu castigá-los lá, enquanto os que foram para Babilônia foram levados por Deus (Jer. 42:21,22).  Da vida dos que demandaram o Egito, ao certo, pouco se sabe.  Todavia, há multas Indicações de que também prosperaram e, no domínio dos Ptolomeus, tornam-se elementos de grande valia.  Atribui-se a estes judeus a Iniciativa, ou pelo menos a coparticipação na versão dos LXX.  Na universidade fundada em Alexandria, mais tarde, por Alexandre, o Grande, os judeus foram elementos de grande Influência, e data dessa ocasião o que se conhece como Neoplatonismo, ou seja, a Interpretação da filosofia grega à luz do Velho Testamento.  Temos uma ou outra referência a esse fato: o caso de Apolos, grande erudito nas Escrituras, bem assim a Influência que esta escola exercia por toda a Ásia nós tempos de Paulo.  Comercialmente admite-se que os judeus ricos de Babilônia se comunicaram com os do Egito, estabelecendo, assim, os dois pólos comerciais da antigüidade – um em Babilônia e outro no Egito – com a permuta de mercadorias de um e de outro local.  A este assunto voltaremos mais adiante.  Portanto, os dados que temos dão a Jeremias a Idade de 66 anos.

O CARÁTER DE JEREMIAS

Ao estudarmos o livro de Jeremias, temos a Impressão de que se trata de um pastor dos nossos dias, lutando com uma igreja rebelde.  Jeremias em um verdadeiro pastor.  Entretanto, no ministério profético numa época convulsionada politicamente, com o seu povo ora se Inclinando para um lado (Egito), ora para o outro (Babilônia), Jeremias era o fiel da balança, o homem que sabia para onde o povo devia propender.  Era o homem que  mantinha relações muito íntimas com Deus e dele recebia as Instruções, que poderiam ter salvado a nação se desse ouvidos ao seu pastor.  Não apenas era um grande pastor, mas um patriota destemido.  Sabendo da maneira como os reus e líderes do povo estavam quase sempre mal Informados, não mantinha duas posições.
Certa vez chegou a garantir a Zedequias, que, se ele ouvisse o profeta, a nação seria salva contra todas as perspectivas.  Entretanto, a Influência palaciana e política não permitia uma tal posição, o que lhe custou caro, vendo os seus filhos serem passados à espada e ele ter os olhos vazados e ser levado cego a Babilônia.  Jeremias era o oráculo divino; de Deus é que vinha a última palavra, o verdadeiro caminho a seguir.  Com que tristeza Jeremias teria visto os exércitos caldeus Invadirem Jerusalém, destruírem o famoso templo de Salomão, carregando todos os bronzes e alfaias do templo para os templos de Marduque, os muros arrombados e o povo, como bois, levados em cambulhada para o desterro.  Entre tudo Isto, as atrocidades cometidas contra o povo.  As mulheres violentadas pelos soldados caldeus, os maridos Inermes, assistindo a tudo, sem poderem ao menos dar uma palavra… Pobre pastor, que assim viu o seu rebanho disperso e perdido nas regiões distantes de Babilônia, para só voltarem os da segunda geração, 70 anos mais tarde.  Há muita verdade que um líder ou pastor moderno pode aprender das experiências de Jeremias. É mais na suposição de que este estudo venha a servir aos meus colegas pastores que me dediquei a este estudo, para o qual conto com a ajuda de Deus e um pouco de resistência física, que ainda me resta nesses meus 90 anos de vida.
EZEQUIEL ( DEUS FORTALECE )

O LIVRO DE EZEQUIEL

O livro de Ezequiel encontra-se na Bíblia entre Jeremias  e Daniel. Como estes dois livros fizessem parte da hagiógrafa no cânon hebraico, o lugar de Ezequiel era entre Jeremias  e Oséias. As profecias seguem, quase sempre, certa ordem cronológica, acompanhando os anos do cativeiro do rei Joaquim, tempo em que os proferiu. Dividem-se em três partes, a saber:
1. Profecias antes da tomada de Jerusalém, predizendo a sua queda. No quinto ano de suas funções sacerdotais foi chamado para o ofício profético e preparado para exercê-lo por meio de uma visão, caps. 1 a 3 até o v. 21, sendo instruído a falar em linguagem simbólica, a destruição da cidade, 3:22 até o cap. 7. No sexto ano aparecem as denunciações contra Judá por causa da idolatria, cap. 8. Jeová abandona simbolicamente o templo, por causa da sua profanação, caps. 9-11, até v. 13, os exilados são ainda povo de Deus, para os quais será um santuário, v. 16; eles voltarão para a terra de Israel, v. 17,  dará novo coração a todos que reformarem sua vida, v. 18-21. A descrença e a adesão aos falsos profetas, motivaram o abandono e as desgraças de Jerusalém, caps. 12-14; que fatalmente cairiam sobre ela se não se arrependesse, caps. 15-18,  termina com os lamentações sobre os príncipes de Israel, cap. 19. No sétimo ano, porque o nome de Jeová tem sido profanado diante dos gentios, Deus castigará o povo que será mais tarde restaurado por amor de seu nome, 20:1-44. O castigo calamitoso virá certamente, as iniquidades subiram até à presença de Deus, cap. 20:45, até cap. 23. No nono ano vem o sítio de Jerusalém e a dispersão do povo, simbolizados por uma marmita cheia de carnes, cap. 24.
2. Profecias sobre o juízo de Deus contra as nações; e no nono ano, contra Amom, Moabe e Filístia, cap. 25. Tiro e Sidônia, no décimo segundo ano, caps. 26-28. E finalmente, no décimo, no undécimo  e no vigésimo sétimo ano, contra o Egito, caps. 29-32.
3. Profecias concernentes à restauração e  livramento do povo depois da tomada de Jerusalém por Nabucodonosor. No duodécimo ano, antes de chegar aos ouvidos do profeta a notícia da destruição de Jerusalém, recebeu ele nova chamada para a continuação de seu ofício profético, caps. 33:1-22, para dizer ao povo que, depois do cativeiro, se voltaria para Deus e teria um novo profeta, um único pastor, o servo de Deus, Davi, que se apascentaria, cap. 34; que os seus atuais inimigos seriam severamente punidos, cap. 35, que o povo, depois de santificado, seria restituído à sua pátria, cap. 36, que as doze tribos se reuniriam novamente como um povo ressuscitado dos mortos, cap. 37,  e que, finalmente, os inimigos da pátria seriam aniquilados, caps. 38 e 39. No vigésimo quinto ano, Deus anuncia o restabelecimento da igreja na visão do alargamento do templo, completamente santificado, fala de um povo renovado e aceito per Jeová, caps. 40-43; dos solenes atos de culto, caps. 44-46; das águas que corriam do templo para os bandas do oriente comunicando nova vida ao deserto, cap. 47,  da distribuição da terra pelas tribos e de uma cidade, centro de todas as tribos, onde Jeová habita, cap. 48.
Nesta visão, o Templo que Ezequiel conheceu na sua mocidade, aparece-lhe agora completamente mudado. Em vez do pequeno outeiro de Sião, vê uma alta montanha, coberta pelas construções de um santuário novo de grandiosas proporções;  à porta deste santuário, um anjo com vara e cordel; o novo templo  modelado pelo antigo, em suas linhas gerais, porém, de tal modo locado com referência às habitações dos homens, e os seus Átrios e  câmaras dispostos de tal maneira, que sirva de amparo à santidade de Jeová que irá habitar ali, dentro em pouco, imprimindo no seu povo o selo de sua santidade  e separando-o de toda a impureza moral e de todas as cerimônias vãs. Muitos anos antes, o profeta viu o Senhor abandonando o antigo templo profanado, 10:18, 19; 11:22-24, agora, contempla a Jeová entrando nele, pela mesma porta, vê a glória do Senhor enchendo a casa e ouve uma voz, vinda de dentro dela, dizendo: “Este é o lugar do meu trono onde eu habito para sempre no meio dos filhos de Israel”. que não profanarão mais para o futuro o meu Santo Nome, 43:1-7. No átrio interno, Ezequiel vê o altar dos sacrifícios preparado para o novo Israel e ouve a voz do Senhor que diz: “e eu me reconciliarei convosco”, diz o Senhor, 43: 13-27. Vem em seguida no cap. 44 a descrição do culto oferecido ao Senhor pelo novo Israel. Na nova teocracia, a realidade corresponderá aos ideais divinos. O incircuncidado de coração não entrará no santuário. As famílias levíticas que se mostraram infiéis no antigo tempo, não poderão mais oficiar no altar, contudo terão um lugar humilde no templo. Os sacerdotes, filhos de Sadoque, cujo nome significa retidão, que permaneceram fiéis, só eles exercerão o alto ofício de sacerdotes diante do Senhor, cap. 44. Uma parte da terra dividida pelas doze tribos, pertenceria ao Senhor para manter o culto e o ministério do Santuário, 45:1-6. Os príncipes teriam também uma parte considerável do terreno que os habilitasse a manter o serviço público, a fim de evitar que eles oprimissem o povo e usurpassem as prerrogativas dos sacerdotes, 45:7-12; 46:2, 16-18. O povo ocuparia o seu lugar no templo por ocasião do culto, v. 9. Todos os membros da teocracia, oficiais e leigos cumprirão os deveres referentes aos holocaustos  e oblações que pertencem a eles, em seus lugares  e relações. Em seguida, o profeta vê um rio, saindo do templo, avolumando-se a ponto de formar larga torrente, levando consigo a vida às regiões estéreis e mortas, 47:1-12. No cap. 47:13-20 vêm descritos os limites da terra que vai ser ocupada pela nova comunidade, 47:13-20, e,  a locação de cada tribo, 47:21 até cap. 48:29. As primícias do terreno dividido seriam partilhadas pelos levitas, pelos príncipes, pelos sacerdotes e pela cidade, 48:8-22. A cidade pertence a todo o Israel em comum, 15-20, 30-34; comp. com o v. 19 e  cap. 45:6, cujo nome será Jeová-samá, isto é, o Senhor nele mesmo, 48:35, simbolizando o ponto central de toda a profecia. Quais foram os contribuições de Ezequiel para a mentalidade hebraica?  Os críticos da escola de Welhausen consideram a Ezequiel como o pai do último formalismo judaico. Dizem que a descrição da nova Jerusalém nos caps. 40 a 48 é um programa e originou os regulamentos sacerdotais contidos nos livros de Levítico  e Números. Esta teoria é rejeitada pelos críticos da escola de Ewald e por todos os teólogos que aceitam o ponto de vista bíblico sobre a origem das instituições judaicas; provam que a legislação característica contida no Levítico antedata a Ezequiel,  também que o profeta não teve a intenção de fazer programa algum. Além disso as descrições feitas no seu livro, não tem por fim lançar programa algum. As descrições que ele faz não são ideais que espera ver realizados literalmente, mas são puramente simbólicas, porque de outro modo não se pode compreender a grande montanha da nova Sião, as medidas da partilha das terras, que são medidas geométricas, e não geográficas, as águas vivificadoras, saindo do santuário que se converteram em grande rio, as árvores que produzem os seus frutos em cada mês do ano e cujas folhas servem para a saúde das gentes. A riqueza mental para Israel, contida no livro de Ezequiel, está no ensino espiritual. Entre outras coisas contribuiu:
( 1 ). Para pensar em Deus. Enquanto outros falam de Jeová como sendo o sustentáculo de seu povo, Gn 48:15; Sl 23, aquele que ajunta as relíquias de Israel, Jr 23:3; 21:10, e os toma no seu seio, Is 40:11. Ezequiel representa a Jeová buscando as ovelhas perdidas, 34: 11-16; comp.  Mt 18:12-14; Lc 19:10.
( 2 ). Para ter uma visão da nova Jerusalém temos: a alta montanha, Ez 40:2; Ap 21:10, a cidade Santa, o tabernáculo de Deus com os homens, Ez 37:27; Ap 21:3, a glória de Deus nela, Ez 43:2-5; Ap 21:11, a cidade de medidas iguais por todos os quatro lados, Ez 48:16, 30; Ap 21:16, tendo doze portas, Ez 48:30-34; Ap 21:12, 13, o rio da Vida, Ez 47:1; Ap 22:1,  as árvores plantadas de um e de outro lado do rio, cujas folhas dão saúde, Ez 47:7, 12; Ap 22:2. Tanto em Ezequiel como em S.  João, a visão é simbólica. 3. Além de tudo, Ezequiel contribuiu para uma concepção espiritual da Jerusalém do futuro. Ezequiel, e, com ele, seus predecessores, falam da fertilidade da terra na nova idade, Ez 36:29, 30, mas este aspecto não desperta entusiasmo. Tomando o ensino de Jeremias como base de interpretação, vê-se que ele fala da natureza renovada do povo e da santidade do reino, como a sua coroa de glória no futuro, 11:19, 20; 36:24-29. A Sião espiritual regenerada está, definitivamente, no pensamento do povo de Deus: é uma nobre idéia e  uma grande esperança.

O NOME DO PROFETA

No original hebraico escreve-se o nome como Yehezqe’l que se julga significar Deus Fortalece. Na Septuaginta escreve-se Lezekiel, e assim passou para a Vulgata como Ezequiel. Este nome é totalmente desconhecido nas outras escrituras, sendo, pois, um nome original.

QUEM ERA?

Era filho de Buzi, dos cativos de Judá. Ele foi levado para Babilônia no terceiro ano de Joaquim, quando Nabucodonozor assaltou Jerusalém pela primeira vez. Com ele foram levados sete mil, entre o que havia de melhor entre os artesãos e artistas de Judá. Daniel foi nessa primeira leva (II Reis 24: 15 e 16)
A CHAMADA AO MINISTÉRIO PROFÉTICO
“No trigésimo ano”(1:1), não se sabe o que significa esta data, pois não tem qualquer ligação com as datas conhecidas. Pensa-se que seja a idade do profeta. O dia e o mês e o ano são dados com absoluta exatidão, o que identifica perfeitamente a pessoa e o seu ministério. No quinto dia, do quarto mês, do quinto ano do cativeiro do rei Joaquim (ver II Reis 24: 18, 19; II Crôn. 36: 9-16, começou ele o seu ministério, que se estendeu até o primeiro mês do vigésimo sétimo ano (29:17) tendo durado vinte e dois anos, um ministério aparentemente curto, mas, para aquele tempo, bastante longo. Era casado e sua esposa morreu no dia em que começou o cerco de Jerusalém (24: 1, 15, 18). Ele sobreviveu, para ver a libertação de Joaquim por Evil-Merodaque no ano trigésimo sétimo do cativeiro (II Crôn. 36: 22, 23). Parece evidente que ele conhecia Daniel e seus companheiros de deportação (14: 14, 20, 28). Portanto as grandes emoções dos dias de Joaquim e sua deportação para Babilônia deveriam perdurar por anos em sua mente. Quantas alterações na história durante estes vinte e dois anos! A morte do grande rei Nabucodonozor, a subida ao trono do filho deste, Evil-Merodaque, e tantos outros fatos que se desenrolaram na grande capital, de que ele não nos dá conta. De uma coisa ele estava certo: que o seu povo um dia voltaria a Jerusalém, pois a profecia de Jeremias 25: 11 devia ser bem conhecida. A sua morada parece que ficava junto ao rio Eufrates (24: 16-18). A sua missão foi revelar o pecado do seu povo, por cuja causa tinha sido levado em cativeiro, mas o Deus perdoador o devolveria um dia à sua própria terra, a amada Jerusalém. Israel seria novamente reunido, e todos com um coração novo, adorariam o Grande e Bondoso Deus. E então a cidade seria chamada Jehová Chamah, O Senhor está ali. Deus não esqueceria o seu povo e o reuniria outra vez, e de maneira muito maravilhosa. Não temos notícia de ele haver voltado com os cativeiro, assim como não voltaram Daniel e outros. Muitos, sabemos, estavam tão ocupados em seus bons negócios que acharam melhor ficar do que ir arriscar a vida numa cidade destruída. Todavia, cremos que este não seria o caso de Ezequiel e Daniel e outros expoentes da vida hebraica.
DANIEL = Hebr. Deus é meu juiz.
Célebre profeta judaico da côrte de Babilônia.  Descendia da família real de Judá, Dn 13-7. Ainda jovem foi levado cativo por Nabucodonosor por ocasião do primeiro cerco de Jerusalém que se deu no reinado de Joaquim, 605 A. C., Dn 1:1; Jr 25:1. Em Babilônia, ele e mais outros jovens cativos de alto nascimento e de gentil presença foram separadas para exercerem funções de estado. Ele e mais três companheiros conseguiram que o eunuco mor substituísse os alimentos a eles destinados pelo rei, por outros mais simples e que não contrariavam as leis de Moisés, Dn 1:8. Os quatro jovens cativos fizeram-se notáveis pelo seu saber, enquanto a graça de Deus os preparava para enfrentarem a morte na defesa das leis divinas, o período tutelar terminou no terceiro ano, quando entraram ao serviço da côrte.  Daniel permaneceu assim até ao ano 538 A. C., primeiro ano do reinado de Ciro, 1:21.  No segundo ano de Nabucodonosor, 603 A.C., comp. 5:18. Daniel interpretou os sonhos do rei revelando-lhe o que havia visto e qual era a sentido da grande estátua, 2:1-46.  Em conseqüência de tão sábia explicação, Daniel foi elevado à categoria de príncipe dos sábios e governador de todas as províncias de Babilônia e prefeito dos magistrados, 46-49.  Depois, interpretou a visão que revelava a próxima loucura do rei (cap. 4). Ezequiel citou o nome de Daniel como exemplo de notável retidão e sabedoria, Ez 14:14; 28:3. No primeiro ano de Baltazar, o próprio Daniel teve um sonho no qual viu, sob a figura de animais, quatro impérios sucessivos que chegavam até o tempo quando o Antigo dos Dias se assentará para Juízo e um semelhante ao Filho do Homem viria sobre as nuvens do céu para estabelecer um reino espiritual sobre a terra que duraria para sempre, cap. 7. A cena da visão que ele teve no terceiro ano de Baltazar, foi em Susa, 8:2, capital do Elão e residência do já celebrado Ciro, rei dos persas, 8:20 . Nesta Vista, apareceu-lhe um carneiro em luta contra um bode de cuja cabeça saia um corno insigne entre os seus dois olhos. Este corno foi quebrado, formando-se por baixo dele quatro outros cornos, de um dos quais brotou um pedaço pequeno que se elevou contra a terra gloriosa e contra seu santuário; símbolo dos impérios Medo-Persa e Macedônio, a divisão deste último em quatro reinos e o aparecimento de um rei feroz que havia de profanar o santuário, cap. 8. Quando se deu a queda do império de Babilônia, Dario constituiu 120 sátrapas com intendência sobre todo o reino; e pôs por cima deles os três príncipes, dos quais um deles era Daniel, cap.  6:1, 2 . A inveja provocada pela sua eminência e saber, deu origem a uma conspiração que o lançou no cova dos leões, 3-23; 1 Mac 2:60 . No primeiro ano do rei Dario, Daniel concluiu pela lição dos livros, Jr 25:11, 12; 29:10, que o cativeiro chegava a seu termo, Dn 9:1, 2; humilhou-se, confessou os pecados do seu povo e orou em conseqüência de que, foi-lhe revelada a profecia das setenta semanas, 9:24 . No terceiro ano de Ciro, rei dos persas, teve ele outra visão do conflito último entre os poderes do mundo e o reino de Deus, caps. 9-12 . Como este profeta exerceu o seu ministério durante a dinastia de Nabucodonosor e dos reinados de Dario medo e de Ciro persa, 6:28, devia ter atingido  uma idade muito avançada,  nada se sabe de quanto viveu, nem como se deu a sua morte.
Encontram-se referências a este profeta nos seguintes livros da Bíblia: Ez 14:14; 28:3; Ne 12:11; 1 Mac 2:60; Mt 24:15; Mc 13:14; Hb 11:33.
O livro de Daniel poderia ser intitulado O ROMANCE DA VIDA DE UM HOMEM.  Entretanto, há no livro lances tão dramáticos e inteiramente fora do campo pessoal que tal título não lhe ficaria bem.  Poderia ser intitulado AS VISÕES DE UM HOMEM DE DEUS.  Também esse título não lhe ficaria bem, porque há no livro muitas partes pessoais.  Então, parece difícil encontrar um título que convenha ao livro ora em apresentação.  O melhor será deixar ao leitor o encargo de dizer o que o livro é depois de ler os comentários aqui apresentados.
Não foi fácil escrever este Estudo.  Isso pode ser provado pelo fato de que escrevemos, corrigimos, cortamos, emendamos e tornamos a emendar o corrigido, no desejo de apresentar um trabalho modesto, popular, mas ao mesmo tempo seguro na sua interpretação histórica e doutrinária. Como sabe qualquer leitor do livro, há nele tantas visões, tantas aparições de seres sobrenaturais, que ficamos muitas vezes sem saber o que dizer.  Especialmente o capítulo 11, que versa sobre a guerra dos Ptolomeus e Selêucidas, constitui um pedaço de história que mais se parece com um quebra-cabeças.  Não é fácil extrair do histórico de Daniel todos os elementos que entraram na revelação que Cristo lhe deu.  Procuramos ser leais à história como tal e ao relato do livro inspirado.  Teria sido um deleite dar um capítulo sobre o Macabeísmo, mas enredemos que isso estava fora do livro e fazemos apenas uma ligeira referência ao mesmo assunto quando tratamos do cap. 11:35.  Aconselharíamos aos leitores deste Estudo o livro do autor, POVOS E NAÇÕES DO MUNDO ANTIGO, onde há um breve esboço do que foi o famoso movimento asmoneano, denominado MACABEU. É um episódio glorioso de uma família que teve a coragem de se levantar contra o Estado poderoso dos Selêucidas, vencendo-os depois de muitas batalhas.  Este estudo nos levaria, se fosse feito, ao tempo dos romanos, que nessa altura dos acontecimentos já se encontravam no Oriente Próximo.
Assim, apresentamos àqueles que são amantes da boa leitura este esforço, com o fim de popularizar o grande livro de Daniel e ao mesmo tempo oferecer informações históricas que não se encontram à mão de leitores de poucos vagares.
Oferecemos ao povo este Estudo, mas antes o oferecemos ao Senhor, em nome de quem procuramos fazer o melhor possível.  Uma coisa deve ser dita nesta apresentação: procuramos ser fiéis na interpretação da história que o livro aborda, pois não têm sido poucos os que têm posto em dúvida certas partes do mesmo e até o próprio livro quanto à sua autoria histórica.  Não nos desculpamos se houver falhas e senões, porque qual a obra humana perfeita?  No mais, a Deus todo o louvor.
Para concluir, chamamos a atenção do leitor para três apêndices, que vêm no fim do livro.  O primeiro representa uma tentativa de interpretar em termos do futuro o capítulo 12. Não são poucos os historiadores e curiosos que têm dito e escrito multa coisa que nos parece não constar do livro.  A revelação que foi dada ao profeta pelo SENHOR, que lhe apareceu por mais de uma vez, dá-nos a impressão de que ele quis deixar para a humanidade informações a respeito das coisas do “Fim”.  O que parece é que se trata mesmo de uma exposição dos acontecimentos que hão de preceder a Segunda Vinda do SENHOR.  Se esta não for a verdadeira interpretação, paciência.  O leitor tem aí material suficiente para se orientar nos ensinos deste capítulo, onde muita coisa é clara, mas também muita é obscura e misteriosa.
O segundo apêndice representa uma tentativa de dar aos leitores um esboço das causas da destruição da nação israelita.  Parece incrível que uma nação que nasceu sob os melhores auspícios, garantida por Deus, seu autor, terminasse da forma que terminou.  Então uma busca às causas desta destruição parece completar a história do Velho Testamento.
Finalmente, sendo o livro de Daniel um dos últimos a ser produzido no Velho Testamento, e apresentando-nos tantos problemas nacionais, pareceu-nos natural dar um esboço da história de Israel, a começar do Sinai. É apenas um esboço histórico, e não a história toda, pois isso não caberia nos limites de um apêndice a um livro.  Se o leitor acompanhar, através dos 1.500 anos, os fatos fundamentais da história deste notável povo, há de ver que foi um povo de grande capacidade sofredora, e, se sobreviveu, como tem sobrevivido, mesmo depois do Velho Testamento, isto deve-se à divina providência, que, fiel a uma aliança feita com Abraão, tem preservado esta gente durante 3.500 anos. É de fato um milagre, pois nenhum outro povo pode contar a sua história em termos de milhares de anos.  Se alguém desejar uma prova de que a Bíblia é a verdade, mire-se na história dos hebreus . Eles aí estão, voltando à sua terra, depois de 2.000 anos expulsos dela, para assistirem aos últimos acontecimentos que darão fim à história humana, para então entrarmos na segunda parte, que é a eternidade.
O AUTOR DO LIVRO
Não há dúvida de que o livro de Daniel foi escrito por ele mesmo, durante o cativeiro babilônico.  Ele sempre usa o verbo na primeira pessoa do singular, e sempre declara que as revelações que constam no livro foram dirigidas a ele mesmo.  O fato de que o livro trata de assuntos políticos que só se realizaram muitos anos depois tem levado alguns comentadores a admitir que o Daniel caldeu não pode ser o seu autor.  Dizem que ele não podia adivinhar o que ia acontecer séculos depois da sua morte.  Essa gente esquece que Daniel tinha um Deus que lhe revelava os fatos que iriam suceder tempos depois.  Neste sentido, tudo depende de aceitarmos que há Deus e que este Deus conhece o principio e o fim de tudo.  Para ele, não há nada encoberto.
Daniel foi levado com o primeiro grupo de cativos, na primeira tentativa de Nabucodonozor de tomar a cidade, em 597 a.C. O mundo dessa época era qualquer coisa só parecida com o mundo da 1 e da 11 Guerra Mundial, dadas as diferenças do tempo.  Nas introduções a outros livros já me ocupei da situação política daqueles dias sombrios.  Depois que o Império Assírio entrou em decadência, Faraó Neco veio do Egito para ver se conseguia restaurar o antigo domínio egípcio naquelas regiões ao norte da Palestina.  Lá os seus exércitos se defrontaram com os de Nabucodonozor, e a batalha decisiva não foi fácil para qualquer das partes em contenda.  Isso tanto é certo que Neco voltou, dizendo que tinha vencido os exércitos inimigos, mas o profeta Jeremias nos informa que isso não foi verdade (Jer. 46:2).  De qualquer forma, na sua volta para o Egito, parou em Judá, e, como o seu contendor estava distante, ele destronou Jeoacaz – que o povo tinha colocado no trono pela morte de Josias, num confronto com este mesmo Neco – e colocou no trono o irmão, Eliaquim, mudando-lhe o nome para Jeoiaquim.  Este ficou submisso, naturalmente, ao rei do Egito, mas quando chegou Nabucodonozor, que tinha demorado a descer até Jerusalém, prendeu o rei com duas cadeias de bronze, para o levar a Babilônia (11 Crôn. 36:6; II Reis 24:1).
Era, naturalmente, intenção de Nabucodonozor tomar a cidade, mas notícias chegaram de Babilônia de que seu pai tinha morrido, e ele entregou os exércitos aos seus generais e foi para Babilônia.  Fez uma breve pilhagem dos utensílios do templo, para não ir de mãos vazias, e levou um pequeno grupo de jovens príncipes, entre os quais Daniel, Hananias, Misael e Azarias, aos quais puseram nomes babilônicos: a Daniel o de Beltessazar, a Hananias o de Sadraque, a Misael o de Mesaque e a Azarias o de Abednego.  O que foram estes jovens em Babilônia, especialmente Daniel, veremos no decurso deste Estudo.
O livro consta de duas unidades.  Os capítulos 1-6, que constituem o que se poderia chamar a parte literária, e os capítulos 7-12, que representam a parte profética.  Entretanto, esta distinção não é muito convincente, e tanto isso é verdade que o livro como um todo tem sido atribuído a outro autor, que dividiu o seu trabalho em duas partes. É fato bem conhecido que Daniel não foi, a rigor, um profeta, mas um estadista, que serviu a dois impérios, o Babilônico e o Medo-Persa.  Talvez seja por isso que o livro de Daniel não se encontra, no cânone hebraico, na seção dos profetas, mas entre os Quetuvim ou Escritos.  Isso, todavia, não lhe tira qualquer mérito a que tem, indubitavelmente, direito.  Por esta e outras razões, que apreciaremos no decurso do Estudo, é que alguns críticos pretendem atribuí-lo a outro Daniel, dos tempos de Alexandre, e não ao Daniel caldeu.
As igrejas cristãs, de modo geral, sempre aceitaram o livro como sendo de Daniel, e de pouco têm valido os ataques a esta posição.  Os hebreus sempre reconheceram a Daniel hebreu a autoria do livro, e, se o o colocaram na coleção dos Escritos, onde se encontram os livros poéticos, é porque, de fato, Daniel foi mais político que profeta.  Apenas isso.  Desde tempos imemoriais os mestres da Igreja sempre aceitaram a autoria clássica do livro.  Dúvidas sempre houve, como quanto a muitos outros livros.  Porfírio, de Tiro (232-233 a.C.), sustentou que o livro era produto de um judeu dos tempos dos Macabeus, no reinado de Antíoco Epifânio.  Esta opinião teve larga aceitação, mas não chegou a demolir a crença da autoria de Daniel caldeu.  Durante os séculos XIX e XX, quando a crítica alemã pretendeu demolir toda a história dos sagrados livros, foi a opinião de Porfirio novamente trazida à baila.  Para sustentar as suas opiniões, tentaram descobrir muitas lacunas históricas no livro, afirmando que grande parte do mesmo se referia justamente ao período de Antíoco.  Os que negam o sobrenatural neste livro e noutros naturalmente descobrem muitas incoerências históricas.  Como é, diziam eles, que um homem do quinto século a.C. poderia escrever sobre fatos que só se realizaram séculos depois?  Todavia, não podendo negar in totum a autenticidade do livro, aventuram que muito do seu material veio do tempo de Daniel, mas a composição deve pertencer ao segundo século a.C. Esta é uma evasiva muito comum na crítica racionalista, isto é, que o material de certo livro é antigo, mas a sua feitura é mais recente.  De qualquer modo, fica evidente que a autoria de Daniel fica de pé.
Algumas das mais fortes alegações é que, por exemplo, o termo “caldeu” dá ensanchas a uma era posterior a Daniel.  Ora, o termo caldeu foi usado muito antes de Daniel escrever o seu livro, conforme vemos de 11 Crônicas 36:17, em que o rei da Babilônia é chamado rei dos caldeus.
Sobre esta autenticidade poderíamos citar algumas escrituras do Novo Testamento, por onde se conclui que os escritores inspirados desta segunda parte da Bíblia não tinham dúvidas quanto ao autor deste livro: Mateus 10:23; 16:27 e refs., 19:23; 24:15; 25:31 e 26:64.  Algumas das escrituras mais claras quanto aos acontecimentos que aguardavam a nação israelita e o mundo mesmo, incluindo a igreja cristã, encontram-se neste livro.  Jesus foi incisivo em citar do livro os fatos que demonstrariam tanto o fim da nação hebraica como o fim da era cristã.  Para nós, pois, não há quaisquer possibilidades de dúvidas quanto à autoria do livro.
Tem-se discutido que Daniel, sendo hebreu, jamais poderia ter sido aceito no sacerdócio babilônico.  Este é um argumento sem valia, porquanto Daniel jamais alegou pertencer a tal sacerdócio.  Ele era essencialmente político (2:48 e 49), e só intervinha em assuntos religiosos quando era solicitado, face à incapacidade dos adivinhos caldeus para decifrar enigmas.  Daniel era a autoridade suprema nas questões insolúveis, e, sempre que se apresentava, não trazia credenciais de ofício, mas, sim, de que era crente no Deus que revela os segredos.  Penso mesmo que se Daniel tivesse sido aliciado para entrar em qualquer ordem sacerdotal ou religiosa, não a teria aceitado. Sempre estava pronto para servir aos reis nos assuntos públicos, e nesta capacidade exerceu os mais altos cargos, tanto no governo de Nabucodonozor (2:48, 49; 5:29 e ss.), como no governo persa.  A sua atuação era essencialmente política e ele só aparecia em palácio quando era solicitado.
Tem sido contestada a parte que se refere ao estado de Nabucodonozor quando ficou louco.  Todavia, um escritor caldeu bem antigo, Abidemus, citado por Eusébio, e igualmente Berosius, o primeiro comentador da história da Caldéia, têm, nos seus trabalhos, relatos que se aproximam muito do reiatado por Daniel, segundo Josefo, Contra Apião 1:20.  Naturalmente que um acontecimento palaciano e bem pouco encorajador para a história não seria muito divulgado.  Além disso, tratava-se apenas de uma doença anormal que havia acometido o rei e que não seria para ser muito divulgada.  Possivelmente, nem os babilônios teriam tomado conhecimento do acontecimento.  O fato de haver relatos similares nos escritores mais antigos basta para corroborar o que Daniel menciona.  Devemos ver que fatos desta ou mesmo de outra natureza não seriam levados para fora dos círculos palacianos.  Não havia telégrafos nem jornais e tudo se passaria dentro dos domínios domésticos.
Uma outra objeção à autoria de Daniel reiaciona-se com o fato de existirem no livro alguns versos em aramaico, e mesmo certa linguagem.  O aramaico encontrado no livro é o que se convencionou chamar de “Reich” ou Reino.  Esta língua, ao tempo, estava-se difundindo entre os povos orientais, e especialmente depois da queda de Jerusalém, e o desuso em que caiu o hebraico deu ensanchas a que o aramaico se espalhasse.  Quando so hebreus voltaram do exílio, voltaram falando aramaico mais do que hebraico, que não era a língua falada na terra do seu cativeiro.  O fato da existência do aramaico no livro não milita contra a autoria de Daniel.
Alguns dos relatos do livro, especialmente os que se relacionam com a história dos gregos, têm sido usados como prova de que Daniel não poderia relatar fatos que só ocorreram mais de dois séculos depois.  Isso seria um argumento irrespondível se Daniel tivesse falado por si, mas o que ele fez foi relatar o que o anjo Gabriel lhe contou como uma revelação de Deus para o fim dos tempos.  Se há Deus, que conhece a história antes de ela ser, então Deus pode revelar fatos que só poderão acontecer milênios depois.  Se fôssemos aceitar tal argumento, teríamos de refugar toda a Bíblia, pois até Moisés falou da vinda de um profeta, a quem o povo devia ouvir semelhantemente a ele (Deut. 18:15).  A Bíblia é um livro profético e ninguém tem o direito de negara este livro as prerrogativas de livro de Deus que ele tem.  Aliás, esta é a pedra de toque de todo o racionalismo – o sobrenatural.  Agora mesmo, depois de tantos milênios, um teólogo alemão acha que deve ser retirado do Novo Testamento todo elemento mítico, isto é, os milagres.  Se tirarmos do Novo Testamento ou do Velho o elemento sobrenatural, o que fica é uma carcassa sem nexo e sem sentido.  A coisa melhor que esta gente deveria fazer seria: 1) Provar cientificamente que Deus não existe. 2) Que a vida universal é produto da geração espontânea.  Isso feito, poderíamos, então, encontrar um campo comum para discussão, mas enquanto Deus continuar a dominar nos céus e na terra como o Criador da vida, ninguém tem o direito de, a título de fantasia ou do que seja, levantar-se contra o sobrenatural em qualquer livro da Bíblia.
Certamente a intenção de Nabucodonozor foi a de levar Jeoiaquim para Babilônia, mas os acontecimentos do momento o levaram a tomar outra posição.  Submeteu Jeoiaquim ao seu domínio, mas este logo depois se rebelou contra o conquistador, continuando no poder para fazer um dos piores governos que a pobre nação teve.)

O PROPÓSITO DO LIVRO

O livro de Daniel é apenas uma peça na imensa engrenagem da revelação de Deus ao povo de Israel.  Deus escolheu esta pobre gente, vinda da escravidão egípcia, e a elegeu como seu povo.  O Sinai guarda no silêncio das suas montanhas os ecos desta transação.  Por que Deus assim fez, só ele mesmo sabe.  Ele declarou, em mais de um passo, que não escolheu esta gente porque fosse a mais numerosa da terra nem mesmo a melhor, mas porque quis.  Era a sua promessa feita a Abraão, e quem pode contestar os modos e métodos da ação divina na História?  Escolheu este povo, deu-lhe leis e mandamentos, estruturou-o em nação, e já se foram mais de 3 milênios e continua de pé, cada dia mais firme, tudo quanto Deus ordenou no Sinai.  A existência dos israelitas no mundo é a mais cabal prova de que Deus elegeu para si este povo, e, apesar de toda a infidelidade do mesmo, Deus continua a conservá-lo.  A razão por que Deus elegeu esta raça, quando poderia ter escolhido outra, mais culta, não é de nossa apreciação.  Ele tinha de escolher, e escolheu.  Deus não é um Deus solitário, escondido nos refolhos do universo.  Ele é um Deus que se revela, e tanto o mundo como os hebreus são elementos desta revelação.  Deus só pode ser conhecido através dos atos praticados por seres racionais, e é por meio deles que a sua natureza e propósitos são conhecidos.  A natureza, como tal, não pode revelar a Deus na sua natureza amorável; só o homem pode.  Então escolheu os israelitas para esta tarefa.  A história desta gente é muito ingrata.  Pouco depois de serem introduzidos na terra que Deus lhes destinara, rebelaram-se, e pediram a Samuel que lhes desse um rei, à semelhança das nações, ao redor, desprezando, assim, o Rei invisível, mas patente que eles tinham.  Dali até hoje, a história desta gente é um rosário de rebeliões, e foi por esta causa que a nação foi destroçada e o povo levado para Babilônia e mais tarde para os quatro ventos da terra.
Deus tinha um plano, ao eleger esta gente como sua gente, seu povo.  Ele teria de dar ao mundo o Messias, o que iria resolver o problema do pecado na terra, e para tal realização carecia de um povo.  Este povo seria oráculo, o meio de preparação para a (vinda do desejado dos povos).  Deus assim planejou e assim executou.  Todos os profetas da antiga dispensação afinam por este diapasão.  Os profetas antes de Daniel e depois dele, todos a uma, afirmam o plano e propósito de Deus.  Poderia parecer, pelo fato de o povo ter sido levado cativo para uma terra estranha, para um povo cuja língua ignorava, que tudo estava acabado. Nada disso.  Os planos de Deus não são para o tempo, mas para a eternidade.  Os que testemunharam os acontecimentos de Jerusalém nos dias de Nabucodonozor e seus generais deveriam ter concluído que tudo estava acabado.  O templo custoso e rico tinha sido arrasado, e de tudo que antes havia constituído uma nação próspera e poderosa só restavam ruínas.  Mas o que aconteceu foi apenas uma lição a ser ensinada aos hebreus e a quem queira aprendê-la.  O plano divino continuava de pé para o tempo e para a eternidade.
Então, parece que temos nestas palavras uma razão por que Daniel escreveu o seu livro.  Apesar de estar numa terra estranha como cativo, a chama da fé que revelou por mais de uma vez é patente nesta obra.  Aprouve a Deus levar este povo a Babilônia para que os babilônios soubessem que além de Marduque havia outro Deus.  Temos até a impressão de que nunca antes nem depois povo pagão algum teve oportunidade de ouvir que só Deus era Deus.  Os decretos de Nabucodonozor (3:29), Dario (6:25) e outros, mandados a todos os povos da terra sob o domínio daquela nação, testificam que só o Deus de Daniel era Deus a ser adorado.  Deus foi muito louvado e engrandecido por intermédio do seu servo Daniel.
O livro de Daniel pode ser comparado ao Apocalipse.  Só aquele reiata os fatos dos últimos dias ainda por acontecer, com datas marcadas, como o capítulo 9:24-27, em que a vinda do Messias e a sua morte são retratadas, e depois a volta de Jesus ao mundo,  com o arrebatamento da Igreja.  Dias e anos são contados de um modo que nos maravilha.  Se nos faltasse o livro de Daniel, não teríamos no Velho Testamento outro em que os algarismos são oferecidos com tal precisão como se o sol do dia já estivesse raiando.  As 70 semanas do Messias, desde aquela revelação até o segundo advento, são qualquer coisa que nos assombra.  Igualmente, os últimos versos do capítulo 12, em que até os dias do milênio são contados, mas de modo enigmático.

A POSIÇÃO DO LIVRO NO CÂNONE HEBRAICO

Em algumas listas do livros do Velho Testamento, Daniel aparece entre os demais profetas, mas na coleção hebraica encontra-se na terceira parte, a chamada Hagiógrafa.  Por quê?  A posição do livro na terceira parte da coleção dos sagrados livros tem dado motivos para os críticos dizerem que quando o livro foi escrito já o Cânone estava fechado, o que só poderia acontecer lá para os dias de Alexandre, o Grande.  A razão deve ser outra, bem diferente.  Como já vimos, Daniel foi mais estadista que profeta, portanto, o seu livro, no entender dos colecionadores dos livros sagrados, só poderia ficar bem na terceira parte da coleção.  Os autores dos livros proféticos eram homens assim acreditados, tais como lsaías, Jeremias ou outro qualquer, enquanto Daniel era mais empregado do governo estrangeiro do que mesmo profeta.  No sentido técnico, Daniel não foi profeta, não foi chamado para esse ofício.  Eventualmente, recebeu grandes revelações divinas, mas sempre dentro do seu serviço de funcionário publico.  Nada obstante a sua função como estadista, o Novo Testamento o reconhece como profeta (Mat. 24:15).  O fato de o livro estar na terceira coleção hebraica de modo algum desmerece o seu valor, porque o livros de muitos outros ilustres servos de Deus também lá estão, com Salmos, Provérbios e outros.  E, pois, uma questão de ponto de vista dos colecionadores, e isso não dá direito a deslocá-lo da sua época, 500 a.C., para 250 a.C. Está bem caracterizada a época de Daniel no reinos de Nabucodonozor, Dario, Ciro e outros.  Ninguém poderia fala destes monarcas, como ele fala, se não tivesse convivido com eles.
Ele retratava situações que nenhum homem poderia inventar.  Também não tem base a alegação de que Daniel teria escrito estas memórias e depois qualquer escritor teria aproveitado para redigir o livro com o nome de Daniel ou outro Daniel mesmo.  Todo o livro é um retrato de um homem que orava a Deus virado para Jerusalém, um homem que era chamado pelos dominadores de então para interpretar revelações e dar-lhes o sentido.  Tudo isso de modo pessoal.  A facilidade com que a crítica joga com os fatos a respeito dos livros da Bíblia em nada recomenda a sua cultura e honestidade.  Para esta gente tudo não passa de lendas e mitos, que qualquer um pode manejar como bem lhe parecer.
O LIVRO DE DANIEL
O livro de Daniel faz parte do Antigo Testamento e aparece na versão dos Setenta e nas versões portuguesas, logo depois de Ezequiel no cânon hebraico, porém, o colocou na terceira divisão dos livros.  Não fez parte dos profetas porque o seu autor, apesar de ser chamado profeta, Mt 24:15; Ant. 10:15, 4, 6, é um dos maiores (Ant. 10:11, 7) e maravilhosamente dotado de espírito de profeta, não era oficialmente profeta, possuía o donum propheticum, mas não o munus propheticum, o dom profético, mas não o cargo profético. Era estadista e como tal se ocupou em toda a sua vida.  Nunca empregou em seus escritos a fórmula profética: “Assim diz o Senhor” e nunca dirigiu exortações a seus contemporâneos, como costumavam fazer os profetas. A maior parte de seu livro foi escrita em hebraico.  Uma parte referente ao viver dos judeus em terra estrangeira, aos feitos dos reis gentílicos e às profecias acerca dos impérios, começando com a metade do v. 4 do cap. 2 até cap. 7 v. 28, foi escrita em aramaico que era a língua empregada na diplomacia e nas relações comerciais da época. Comparar o mesmo fato no livro de Esdras e no de Neemias. O livro de Daniel oferece três divisões: a) introdução: Preparo de Daniel e de seus três companheiros, cap. 1. b) Manifestação divina a favor dos quatro jovens hebreus; demonstração da onipotência e onisciência divina; governando os negócios do mundo em suas relações com o reino de Deus, caps. 2-7 . Esta parte foi escrita em aramaico, e compreende o sonho de Nabucodonosor em que Ihe foi mostrada a estátua construída de quatro metais diversos e a sua completa destruição, cap. 2, conspiração contra a vida de Daniel e de seus companheiros, e o seu livramento da fornalha ardente, cap. 3; o sonho da árvore que foi cortada, cap. 4; a escritura misteriosa na parede de palácio durante o banquete de Baltazar, cap. 5; conspiração contra Daniel e o seu livramento da cova dos leões, cap. 6; a visão dos quatro animais e de um semelhante ao Filho do Homem, cap. 7 (Esta última está fora da ordem cronológica, com o fim de servir de transição à divisão seguinte). c) Visões suplementares de Daniel em que ele vê os destinos reservados por Deus a seu povo, caps. 8-12.
As visões referidas são três: a) acerca da cessação do sacrifício perpétuo, da desolação do santuário e da oposição ao príncipe dos príncipes, cap. 8, comp. 13-25. b) em razão de aproximar-se o termo do cativeiro, Daniel prepara-se para a confissão dos pecados nacionais e suplicar o perdão.  Pelas profecias já expostas se poderia supor que o reino do Messias seria estabelecido logo depois de terminado o cativeiro; porém, em uma delas, ele aprende que 70 semanas haviam de passar depois de decretada a reconstrução de Jerusalém, de consumada a prevaricação e introduzida a justiça eterna, Dn cap.  9. c) E informado ainda por uma visão, no terceiro ano do fundador do império persa, de que este império havia de ser destruído, que o povo de Deus seria perseguido, e que, finalmente, seria libertado, e se daria a ressurreição para a glória , caps. 10-12. A profecia, sobre a estátua, composta de quatro metais, destruída pela pedra, 2:31-45, e a  das quatro alimárias e a do aparecimento de um semelhante ao Filho do Homem, cap. 7, representavam as quatro potências da terra e o aparecimento do reino de Deus. 0 quarto império é claramente o império romano, porque o segundo império, que é o medo-persa, não poderia ser considerado como duas unidades políticas, visto como o reino medo, quando separado, nunca foi de longa importância.
Históricamente, a Média e a Pérsia formavam uma só potência nos dias da supremacia da Média.  Deu-se mudança na dinastia, porque um príncipe persa alcançou o trono da Média, começando então o engrandecimento do império medo-persa pelas suas grandes conquistas.  Em segundo lugar, o profeta fala deste império como sendo um só (5:28; 6:8; 8:20). Em terceiro lugar, se dividirmos o império rnedo-persa em dois, é preciso então considerar o leopardo representando a Pérsia e não a Grécia.  Ora, o leopardo tem quatro cabeças, 7:6, e a Pérsia não foi dividida em quatro partes, e sim o império macedônio, 8:21, 22, 11:2-4.  Ainda mais, em quarto lugar devemos considerar que o império romano foi compreendido na visão profética.  Segundo a interpretação geralmente aceita, o cap. 31:30, refere-se claramente ao império romano.  Antíoco, o Grande, referido no cap. 11:10-20, foi derrotado pelos romanos em Magnésia no ano 190 A.C.  Pode-se acrescentar ainda que a visão de um corno representa um rei e um reinado, 7:7, 24, que pode ser a Média, a Pérsia ou a Macedônia, 8:20-22, e que o pequeno corno anuncia o surgimento de um novo rei, ou de uma nova potência, que poderemos descobrir entre os sucessores de Alexandre, 8:9, 23, ou entre os imperadores romanos, 7:8, 24. 0 corno nem sempre representa um e o mesmo rei, e portanto, o pequeno corno não pode representar o mesmo indivíduo.
A profecia das setenta semanas diz respeito aos sofrimentos do reino de Deus, 9:24-27.
A era profética representada pelas setenta semanas é decretada por Deus ou por um rei, para Jerusalém ser reconstruída, v. 25.
0 Cristo Capitão e o Cristo, referido nos vv. 25 e 26, representam, com mais ou menos certeza, uma ou duas entidades históricas, podendo ser o rei Ciro, ou o Sumo Sacerdote, ou Cristo. As sete semanas, e mais sessenta e duas semanas e mais uma semana, somando setenta semanas, 24-27, são distribuídas de diferentes modos.  Tomados estes números sucessivamente, representam um período de 490  anos, que é  o produto, de sete multiplicados por sete, dando a cada dia da semana o valor de um ano, tomados estes números em separado, as sessenta e duas semanas cobrem um período de 434 anos somente, e tomados na ordem inversa, como diz o v. 25, segue-se um período de sete semanas igual às sessenta e duas semanas e mais sete e mais uma.
Há duas teorias que atribuem a Deus a origem do deserto sobre as setenta semanas.  Dão como ponto de partida, para a contagem do tempo, o princípio do cativeiro em 605 A. C., comp., Jr 25:11, ou a destruição de Jerusalém, 587 A.C., Comp. 29:10, escrito logo depois do cativeiro do rei Joaquim 30:2, 18; 31:38. É preciso acrescentar que o ano 450 A.C., também tem sido dado como ponto de partida, sob o fundamento de que os setenta anos do cativeiro foram contados em dobro, Jr 16:18; Is 40:2, e que um decreto divino a favor de Sião, há reduzido o tempo. Há quatro teorias que dão como ponto de partida os decretos dos monarcas do tempo, como sejam: primeiro, o edito de Ciro, 538 A.C., Ed 1:2-4; 6:3, 5; comp.  Is 44:28; 45:1-13, quando se começou a reconstrução do Templo, Ed 6:14, 15; Ag 1:14, 15.  Segundo, o edito de Dario, Ed 6:6-12.  Terceiro, o edito do Artaxerxes 457 A.C.,  Ed 7:11-27, que concedia aos Judeus absoluta autoridade em negócios civis e religiosos, 25, 26, e a prossecussão dos trabalhos da reconstrução dos muros da cidade, 4:12. Os trabalhos interromperam-se temporariamente em virtude de um novo decreto, 4:21.  Quarto, o edito do rei Artaxerxes, ano 444 A.C., que incluía a permissão para restaurar e fortificar a cidade, Ne 2:3, 5, 8, 17, 18. Este problema, portanto, contém três fatores, e cada um deles sujeito à várias interpretações.  Os três fatores são: o decreto, o ungido e as semanas; e todos eles são suscetíveis de várias combinações.  De todas elas, tomando cada uma em separado como ponto de partida e, contando daí em diante, sessenta e duas ou sessenta e nove semanas de sete anos cada uma, até o tempo de Antíoco Epifanes, ou o de Cristo, somente uma combinação dá resultado satisfatório.  Todos os mais envolvem fantasia histórica, ou envolvem artifício cronológico, ou terminam em misterioso enigma, dando um resultado disparatado.  A única combinação que coincide com todos os dados históricos é a que dá como ponto de partida o decreto de Artaxerxes, no ano dezessete de seu reinado, 457, A.C. 0 período de sete semanas, ou quarenta e nove anos, termina no ano 408, A.C. A reforma levada a efeito por Esdras e Neemias foi realizada neste período de  tempo.  Não se sabe até quando durou a feição dominante desta reforma; porém, o sucessor de Neemias, que era persa e naturalmente pouco interessado no cumprimento das leis de Jeová, ainda governava no ano 411, A.C., antes de terminar a sétima semana. Seguem-se as sessenta e duas semanas, ou 434 anos que nos conduzem até ao ano 26, A.C., ano em que Jesus começou o seu ministério público, entrando pelo princípio do ano 27. Depois destas sessenta e duas semanas foi morto o Cristo, Dn 9:26, quando a prevaricação se  consumou e o pecado teve o seu fim como se acha no v. 24.  E no meio da semana faltou a hóstia e o sacrifício; porque o sacrifício do Calvário tornou inúteis todos os mais sacrifícios.  Contudo, não obstante a coincidência da profecia com acontecimentos conhecidos da História do reino de Deus e a significação desta correspondência, ainda assim, as setenta semanas e as sete separadas delas a princípio, e a outra semana separadas delas, são computações simbólicas determinando largos períodos da história do reino de Deus sobre a terra.  No livro de Daniel ainda se encontram outros números. 0 simbolismo do número quatro e do número dez, mesmo quando correspondam a pessoas ou a acontecimentos históricos, provavelmente determinavam muitas vezes o particular número de exemplos que deviam ser citados, e era isto, sem dúvida, o que estava na mente do profeta quando interpretou o sonho e contemplava as visões  A largueza das previsões e o alcance das profecias de Daniel, somente se podem conhecer à luz das referências que a este livro fazem as personagens bíblicas, conforme vamos ver.  Nosso Senhor deu-se o título de Filho do Homem, título este que se encontra em Dn 7:13, 14; deste modo dando à sua missão e ao seu reino um aspecto muito expressivo de simpatia para com a humanidade (vide Filho do Homem).  Cristo citou Daniel quando disse:
“Quando vós virdes que a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel está lugar no santo”, Mt 24:15; Mc 13:14; Dn 11:31; 12:11, e 9:27; comp. 2 Ts 2:1-12.  Evidentemente, na explicação que Jesus dá, o cumprimento da profecia não terminou quando Antíoco Epifanes erigiu o altar idólatra no Templo de  Jerusalém, 1 Mac 1:54.  Em alguns casos, se não em todos, a profecia relaciona-se com um evento diferente. A frase “abominação da desolação” é uma concepção incorporando uma idéia que terá de se manifestar concretamente, quando a idéia se apresenta como um princípio potente da história.  Os apóstolos entenderam que o pequeno corno da quarta alimária, Dn 7:24, é o rei que falará insolentemente contra o Deus dos deuses, 11:36, refere-se a acontecimentos futuros ainda não revelados, 2 Ts 2:4; Ap 13:5, 6.  As feições características do conflito entre o mundo e o reino de Deus, acham-se delineadas nas cruéis perseguições dos tempos de Antíoco Epifanes, porém não limitadas a elas.  Cristo e os seus apóstolos viram nestas profecias de Daniel, o apocalipse  do futuro. As revelações não se limitaram aos acontecimentos históricos do tempo de Antíoco; terão completa significação nos últimos dias do reino de Deus. A bêsta que o apóstolo S. João viu levantar-se do mar, Ap 13:1, é uma pintura ampliada das quatro grandes alimárias que Daniel viu subindo do mar, Dn 7:3-7. Ele viu uma leoa com asas de águia, um urso, um leopardo com quatro cabeças e quatro asas, e finalmente outra alimária em uma só, teremos a bêsta que S. João viu, que era semelhante a um leopardo porém com os pés de urso e boca de leão, tendo dez cornos  e sete cabeças. Daniel descreve quatro reinos deste mundo, que se levantam sucessivamente, e que são tão ferozes e terríveis como se fossem bravias alimárias em sua oposição ao reino de Deus. O apóstolo S. João não viu esse individualmente, mas viu todos os reinos deste mundo coletivamente; ele os contempla em conjunto apesar de suas diferentes feições externas. Vê o dragão, a serpente antiga do Éden, Ap 12:3, 9, semelhante  em aparência à besta; porque o dragão representa o espírito que anima e dá feição ao poder mundano. Este poder não se apresenta a Daniel, nem a S. João em seu aspecto político, e sim como representações mundanas em antagonismo ao reino de Deus. O objetivo principal da profecia não contempla  os  interesses das nações e sim a sua relação com o reino de Deus. Este fato é de grande importância e fornece a chave para as revelações dos caps. 9 e 12 do livro de Daniel. Ensinam que as suas narrações não visam desenvolver a sua história política e sim esboçar o grande movimento mundial em suas relações com o reino de Deus. Os inimigos de  Sião vieram, e continuam a vir, do Norte e do Sul. Desenvolvendo aquela circunstância histórica sob o ponto de vista profético; a visão desenha uma luta entre as forças contendoras do mundo, guerra de resultados variáveis; em que o rei do Norte por sua vez, triunfa, sendo vencido em duelo de morte pelo reino de Deus. Este desenho é um complemento às visões dos caps.  38 e 39 de Ezequiel. Daniel fala do “tempo que tem o seu fim”, isto é, do último dia da maldição, Dn 8:19; comp. 11:36, quando Deus executará o seu juízo sobre os reinos do mundo e quando o seu reino será estabelecido (comp. 10:14), seguindo-se a consumação, 12:1-3.
É o período final do conflito entre as forças do mundo e o reino de Deus que terminará com a completa vitória deste reino, cap. 11:40 até cap. 12:4. Os apóstolos também falam deste período que classificam de última hora, últimos tempos, dia do Senhor e últimos dias, e  não terminado até que apareça o anticristo, 2 Ts 2:2-4; 2 Tm 3:1; 1 Jo 2:18; Jd 18. Estes homens do Novo Testamento viam claramente o escopo e o sentido das profecias de Daniel acerca dos dias últimos.
A unidade é raramente disputada. Há uma teoria defendia por alguns críticos de nossos dias, que a secção do livro de Daniel escrita em aramaico, pelo menos a compreendida nos caps. 2 a 4, é composição independente, escrita um, dois ou três séculos  antes do tempo dos macabeus. Porém a integridade essencial não sofre contestações, e bem assim a unidade de sua autoria. Nos primeiros sete capítulos, o nome de Daniel é empregado na terceira pessoa do singular e algumas vezes em termos encomiásticos, 1:19, 20; 2:14; 5:11,12; 6:3; comp. Paulo, falando de si mesmo em 2 Co 2:15; 10:8; 11:5, 23. Nos caps. subsequentes, emprega a primeira pessoa. Muitos  críticos negam que o livro fosse composto por Daniel, compreendendo mesmo aquelas partes, onde se emprega a primeira pessoa. Julgam que tenha sido publicado pelos anos 168 ou 167 A.C., nos tempos dos macabeus, com o fim de alimentar a confiança destes patriotas que sofriam as cruéis perseguições de Antíoco Epifanes. Os principais argumentos contra a autoria de Daniel, são: Que o seu nome não figura entre os notáveis, mencionados pelo filho de Siraque no livro do Eclesiástico, cap. 49, pelo ano 200 A.C., ao passo que fala de Ezequiel, de Neemias e dos profetas menores; que o emprego de palavras gregas indica que ele viveu no período helênico; que existem faltas de exatidão histórica, provando que não foi testemunha ocular dos fatos por ele narrados, e que portanto viveu um tempo mais remoto; que as profecias entram em minúcias da história, somente até a morte de Antíoco Epifanes.
Estes argumentos tem as seguintes respostas: É verdade que o filho de Siraque não menciona o  nome de Daniel, mas também é igualmente verdade que não menciona os nomes de Esdras e de outras notabilidades, como Gideão, Sansão e Josafá; que as palavras gregas empregadas no livro, são nomes de instrumentos musicais e somente se encontram no v. 5 do capitulo três. A origem grega, pelo menos de dois destes nomes, é perfeitamente justificada, que vem a ser psantrin ,  do grego psalterio e symphonea, do grego symphonia.
Poderá isto provar que o livro não foi composto por Daniel em Babilônia, pelo  ano 530 A.C.? De modo algum; porque os instrumentos referidos eram usados nos vales do  Tigre  e do Eufrates nos tempos de Daniel. Ainda mais, ninguém pode negar que naquela época e naquela região a música era essencial em todos  as procissões triunfais e nas festas da corte. Os escravos de países distantes eram empregados como músicos, tocando os seus próprios instrumentos. Assurbanipal empregou os elamitas neste ofício. Senaqueribe levou de Judá, cantores, homens e mulheres. Junto aos rios de Babilônia, os cativos da Judéia puseram-se a chorar, lembrando-se de Sião. E ali os que levaram cativos pediam que lhes cantassem um hino dos cânticos de Sião, Sl 137:1-3. Havia bastante intercuso de relações entre os impérios do Tigre e os povos ocidentais; e não é para estranhar a adoção de instrumentos  músicos, com os nomes de sua origem. Os reis assírios, a começar por Sargom, 722 A.C., e daí em diante, para não falar de outros que os  precederam, conduziam para as regiões orientais, os prisioneiros do ocidente e recebiam tributos de Chipre, da Iônia, da Cilícia e de outras regiões da Grécia. Nabucodonosor guerreou com as cidades do Mediterrâneo e de acordo com os costumes do tempo, introduziu na sua corte os instrumentos músicos  usados pelos gregos. Finalmente a linguagem em questão é aramaica e não babilônica. Os aramaicos estiveram  em contato com os povos do ocidente durante séculos antes, e a sua linguagem era usada nas relações diplomáticas e comerciais, 2 Rs 18:26, e foram os intermediários de comércio entre o oriente e o ocidente. Em conseqüência disto, a linguagem de ambas as regiões sofreu alterações em seu vocabulário. O escritor do livro de Daniel emprega nomes que eram de uso corrente entre os aramaicos, para determinar os instrumentos de música em uso. Resta aos que negam a autoria do livro a Daniel, provar que os termos empregados não eram correntes antes do século, A.C. A falta de exatidão atribuída ao livro de Daniel não é argumento que prevaleça. Nada existe  que  possa ser desmentido pela história. Existem narrações em Daniel que é difícil harmonizar com as escassas narrações dos historiadores antigos. Nada se tem provado que justifique a existência de contradições entre Daniel e a história antiga.  As acusações feitas se enfraquecem  cada vez mais, diante das recentes descobertas que esclarecem os tempos de Ciro. A existência histórica do rei Baltazar foi posta em dúvida, mas o registros contemporâneos à tomada de Babilônia, confirmam a sua existência, explicam porque é que ele elevou Daniel ao terceiro lugar de seu reino, em vez de segundo, por  haver ele e seu pai ocupado os dois primeiros lugares; também se tornou claro por que ele e não Nabonido é mencionado como rei de Babilônia na noite em que a cidade foi tomada (Vide Baltazar). Ainda não estão confirmadas as referências feitas a Dario medo, ao receber o reino, mas vê-se claramente que a nomeação de um regente para Babilônia por Ciro, está em perfeita harmonia com a política do tempo. As alusões a Baltazar com descendente de Nabucodonosor, estão de acordo com os costumes daquela época, em face do que se lê nas inscrições históricas no livro de Daniel. Finalmente em quarto lugar, as profecias de Daniel contém pormenores históricos somente até à morte de Antíoco Epifanes, cap. 8. Porém, as profecias referentes aos tempos posteriores a Antíoco, não são elas bem claras? O quarto reino descrito nos caps. 2 e 7, não pode ser outro senão o Império Romano que sucedeu ao império universal no tempo subsequente a Antíoco, e cujo desenvolvimento é descrito com muita minúcia no livro de Daniel, segundo o testemunho de recentes  descobertas, é o aramaico corrente no princípio do século quinto, antes de Cristo, pelo menos no ocidente.
A profecia de Daniel é citada por Jesus Cristo como genuína e como certos os seus vaticínios, nelas contidos, Mt 24:15. Josefo acreditava que as profecias de Daniel já existiam antes de Alexandre, o Grande, 330 A.C., (Antig  11:8, 5), e até mesmo no tempo de Artaxerxes (Contra Apiom 1:8).
O primeiro livro dos Macabeus, 2:59, 60, refere o livramento de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, da fornalha ardente e bem  assim o de Daniel da cova dos leões (comp. 1 Mac 1:54; e Dn 9:27; 11:31).
OSÉIAS ( SALVAÇÃO OU LIVRAMENTO )

O LIVRO DE OSÉIAS

O livro de Oséias é o primeiro dos profetas menores, não somente na ordem dos livros, como também na ordem do tempo. Consiste em duas porções, capítulos 1 a 3, e 4 a 14. A primeira parte pertence ao primeiro período do ministério do profeta. O primeiro capítulo, pelo menos, data do reinado do segundo Jeroboão, isto é, dentro dos últimos seis meses de seu reinado e antes da destruição da casa de Jeú, 1: 2-4. Os primeiros três capítulos fornecem a chave do livro todo, nos quais se vê a infidelidade de Israel para com Jeová durante o período da sua história, 4: 1 até 5: 7; 6: 4 até 7: 16; a necessidade do castigo e o inquebrantável amor de Jeová pelo seu povo transviado, 6: 1-3; caps. 12-14. Nos caps. 1 a 3, a infidelidade de Israel e a paciência e longanimidade de Jeová são representadas pela analogia com uma prostituta. Desde antigos tempos que as opiniões dos teólogos se dividem quanto à história do casamento do profeta com uma meretriz. Será uma alegoria ou um fato? Dizem ser uma alegoria e não um fato verdadeiro, pelas seguintes razões: 1. É impossível que Deus tivesse ordenado a um profeta contrair tal aliança, que naturalmente havia de enfraquecer a sua influência moral com a melhor parte do povo, vendo-o ligado a uma mulher de vida impura. 2. A lei de Moisés proibia aos sacerdotes, o casamento com mulheres prostitutas e repudiadas, Lv 21: 7. Sendo a classe dos profetas consagrada ao Senhor, ainda que não do mesmo modo por que eram os sacerdotes, não é crível que Deus tivesse ordenado tal união. 3. Se for real a cena do primeiro capítulo, exigiria alguns anos para se realizar, envolvendo, não só o casamento do profeta, como o nascimento dos diversos filhos, e, portanto, a lição simbólica ficaria prejudicada. Por outro lado, a narrativa contém a história de uma tragédia doméstica representada na vida real. O mandamento contido no cap. 1: 2, ordenado ao profeta que tome para si uma pública meretriz, para servir-lhe de esposa, é considerado referir-se a uma mulher honesta, e não a uma já manchada pelo vício. Depois de se haver casado com Oséias, revelou tendências para uma vida imoral, violando os votos de fidelidade conjugal, vindo a se divorciar, cap. 2: 2. Os filhos da meretriz, dizem ser, ou os próprios filhos do profeta que herdaram as más tendências de sua mãe, ou mesmo os filhos de uma união adúltera que o profeta reconheceu como seus. Eventualmente, por direção divina, o profeta toma uma mulher adúltera, 3: 1, deste modo representando Jeová a prontidão com que ele restaura o favor ao povo de Israel, apóstata, idólatra e pecador. Há diversas opiniões contrárias a esta teoria: 1. As palavras “e ela lhe pariu um filho”, 1: 3, são incompatíveis com a interpretação que dá este filho como bastardo; 2. As palavras do cap. 2: 2 são dirigidas por Jeová aos israelitas, como adiante se vê, e não dirigidas pelo profeta a seus próprios filhos; 3. No cap. 3: 1, alude-se a uma mulher e não à mulher; visto que a expressão é propriamente definida, referindo-se a uma mulher antes mencionada no cap. 1. Todas as dificuldades exegéticas ou morais, desaparecem, considerando a linguagem como alegórica. Estas alegorias eram comuns nos ensinos poéticos, Jr 25: 15-29; Zc 11: 4-17. De qualquer modo que seja, alegórica ou não, a mulher adúltera e seus filhos igualmente adulterinos, simbolizam o povo de Israel com as suas tribos infiéis a Jeová, afeiçoando-se a deuses estranhos e fazendo alianças com outros povos, cp. 47: 8, 9; Lc 19: 44.
A segunda parte do livro de Os caps. 4 a 14, não é uma série de discursos, nem mesmo um sermão continuado, mas sim um sumário de seus ensinos proféticos preparado por ele, no final de seu ministério. Este sumário contém, pois, o ponto principal de suas pregações públicas. Ele podia ter usado notas, porém eram dispensáveis: bastava-lhe a memória. Os ditos agudos e vigorosos com que havia acerado as suas flechas e os seus símiles brilhantes, pelos quais ilustrava os pecados de seu povo, não podiam ser facilmente esquecidos por ele; também a freqüente repetição sobre os mesmos temas, deram forma estereotipada aos materiais armazenados na mente do profeta, conservando o ritmo e o fervor com que ele falava ao povo. No fim da sua vida, confiou à escrita pequenas notas de seus discursos, consistindo em descrições, advertências e conselhos de aplicação universal e eterna.
As profecias contidas nos caps. 4 a 14, foram pronunciadas quando a Assíria enchia os corações dos israelitas de espantoso terror. Não poucos acontecimentos de vulto se deram durante os anos do ministério de Oséias, e que ele não menciona e nem de leve a eles se refere, tais como: a glória do reinado de Jeroboão e a extensão dos limites de Israel, 2 Rs 14: 25, 28; o assassinato de Zacarias por Salum e o deste por Menaém, 15: 10, 14; a invasão da Galiléia por Tiglate-Pileser, rei dos assírios, 15: 10, 14, além de outras indicações de datas referentes a acontecimentos particulares. Se, por exemplo, o rei dos assírios, denudou completamente os habitantes do país, quando deportou as duas tribos e meia da região oriental do Jordão, 1 Cr 5: 26, então as palavras do profeta, a respeito de Gileade, cidade dos artífices de ídolos, toda inundada de sangue, foram primeiramente proferidas antes do ano 733 A. C., Os 6: 8; 12: 11. Esta última passagem pode referir-se ao passado.
A carnificina dos habitantes de Betel, referida no cap. 10: 15, tem sido, muitas vezes, considerada como fato que se deu no reinado de Salmanasar, 727-722 A. C. Se o fato pertence à história deste rei, as palavras do profeta foram proferidas pelo ano de 725. As freqüentes referências que ele faz ao socorro solicitado ao Egito e à  Assíria, condiz muito bem com o estado político do país no reinado de Pecá e de Oséias, Os 5: 13; 7: 11; 8: 9; 14: 3; 12: 1; com 2 Rs 17: 3, 4. É provável, pois, que as repreensões do profeta sobre a política externa, fossem proferidas no tempo dos dois últimos reis. Os parágrafos em que se acham divididos os capítulos 4 a 14, formam unidades de pensamento completas em si mesmas: são grupos que se ligam entre si logicamente, às vezes com certa subtileza, sem formar, seqüência oratória.
1. Capítulo 4: 1 a cap. 6: 3. O pensamento que une as várias produções proféticas, concentra-se no pecado e na necessidade de arrependimento. O povo achava-se imerso em profunda iniqüidade, 4: 1-19, tendo na dianteira, os príncipes e os sacerdotes, 5: 1-15. As repreensões do profeta são acompanhadas de uma bela exortação ao arrependimento com a promessa do favor para com eles, 6: 1-3.
2. Capítulo 6: 4 a cap. 10: 15. O pensamento predominante concentra-se no tremendo castigo que deve cair sobre a nação por causa da hediondez de seus pecados. Arrependimento transitório não satisfaz a Deus, 6: 4-11. A vida imoral e os excessos praticados pelos grandes do povo tinham chegado até o céu, 7: 1-7. A insensatez e a loucura em buscar auxílio para sua defesa entre os pagãos, havia desagradado a Deus. Por causa disto, seriam castigados, 7: 8-16. O inimigo invasor estava às portas para castigar a idolatria e o cisma de Israel, 8: 1-7. As transações com a Assíria, os abusos da religião e a confiança nos meios humanos haviam provocado a ira de Deus, 8: 8-14. O cap. 9: 1-9 condena os desvios de Israel e anuncia o seu castigo, 9: 10-17. Israel cresceu como vigorosa vinha, somente para progredir nas práticas idólatras, porém o castigo brotará tão abundante como brotam os espinhos e os abrolhos, 10: 1-8. O pecado de Israel é comparado ao de Gibeá. Da sementeira do mal, colherá também o mal (10: 12-15).
3. Capítulo 11: 1 a cap. 13: 16, oferece uma transição característica por lembranças do passado acompanhadas de queixas. O amor de Jeová para com Israel é semelhante ao amor de um pai para com seu filho, mesmo que este seja transviado, 11: 1-11. Jacó confiou em suas próprias forças e na sua astúcia, prevalecendo contra Deus; é exortado a deixar as alianças terrenas e a voltar-se para o seu Deus, 11: 12 a cap. 12: 6, comp. Hb. 12: 1-7. Efraim enriqueceu à custa da fraude, procurando desculpar seus pecados; porém Jeová o lançará fora de sua casa. Aquele que salvou a Israel do cativeiro do Egito, é o mesmo que o vai punir, 12: 7-14. O capítulo 13 condena a idolatria de Efraim e anuncia as suas conseqüências.
4. Capítulo 14: 1-9. Contém exortações ao arrependimento, à confissão de pecado e a súplicas humildes. Jeová promete aceitar a Israel e abençoá-lo abundantemente.
Tem-se posto em dúvida a autenticidade das referências a Judá, contidas no livro de Oséias, particularmente cap. 1: 7; 4: 15; 5: 10-14; 6: 11; 11: 12; Hb 12: 1; a restauração de Israel ao favor de Deus e a sua volta à terra natal, isto é,  o cap. 1: 10 até ao cap. 2: 1, Hb 2: 1-3, e a única e exclusiva legitimidade da casa de Davi na posse do trono, 1: 4; 3: 5; 8: 4; 12: 10, 11.
Nega-se geralmente a autenticidade destas passagens, alegando a falta de ligação com o contexto e a variedade de metro. Não se deve esquecer, porém, que as transições abruptas caracterizam o estilo de Oséias, e que o ritmo, e não o metro, é geralmente a feição dominante das produções exaltadas dos profetas. Deve-se também notar que um autor tem a liberdade de escolher as variações de forma literária, preferindo-as à monotonia. Além disso, o livro de Oséias assemelha-se a um mosaico formado de pequenos extratos de muitos discursos. A respeito das três classes de passagens, cuja autenticidade se contesta, temos a acrescentar o seguinte: 1. Em referência a Judá, diz Harper, sobre o cap. 5: 5: “Um rápido lance de vista sobre Judá, tão intimamente ligado a Israel, não podia escapar ao profeta, vendo que as condições morais de Judá se assemelhavam às de Efraim.” 2. As referências concernentes à restauração de Israel ao favor de Deus e a volta à pátria.(1) Não se pode negar uma referência a restauração do favor de Deus, referência esta exigida pela simetria, visto que, cada seção dos caps. 1 a 3, 1: 10 a cap. 2: 14-23; 3: 5, e outras seções maiores do livro, terminam sempre com promessas. (2) É costume nos livros proféticos, após os vaticínios sobre os castigos e maldições, não deixar o povo sem uma esperança, derramando luz sobre as grandezas do futuro. (3) Continuando a falar sobre a destruição de Israel, em combate, por causa de seus pecados, os vv. dos cap. 1: 10 até cap. 2: 1, representam a vitória do reino unido de Judá e Israel sobre os seus inimigos. (4) O pensamento volta-se para a possibilidade do regresso do exílio em perspectiva, e também dos judeus que se achavam atualmente na Assíria, 2 Rs 15: 29; 1 Cr 5: 26; Is 9: 1.
3. Referências à legitimidade da monarquia da casa de Davi e à ilegitimidade das dinastias do reino do norte. (1) É necessário rejeitar a autenticidade, não só destas profecias do livro de Oséias, como as predições sobre o domínio universal da dinastia de Davi, que foi anunciada no reino do norte por um profeta contemporâneo, natural da tribo de Judá, Am 9:11.  (2) A todos que crêem no governo moral do universo, a queda de uma dinastia, após outra, no reino do norte, durante os dois séculos precedentes, dá a entender, lógicamente, que elas foram rejeitadas por Deus; e a dinastia da casa de Davi, continuadamente confirmada pela palavra dos profetas, em referência ao reino do sul, é prova concludente de que Deus havia escolhido a casa de Davi.

JOEL ( JEOVÁ É DEUS )
Quem era Joel:
As Escrituras nos oferece poucas informações sobre este profetas, sabemos que é filho de Petuel, quase nada se conhece de definido sobre a sua vida ou local de origem, seu nome significa Jeová é Deus, e era um nome hebraico comum, nos tempos do Antigo Testamento. As muitas referencias de Joel a Jerusalém ( 1. 14; 2. 1;15; 32 ; 3. 1,6, 16, 17, 20, 21,) parecem indicar que ele nasceu nessa cidade. A data em que começou o seu ministério não vem indicado no livro. Mas considera-se que foi um dos primeiros profetas de Judá, no tempo de Jóas, cerca de 830 a . C, ou possívelmente no reinado de Uzias, mais ou menos em 750 a . C.

O LIVRO DE JOEL

O livro de Joel é sublime mensagem, na qual  se encontra, em primeiro lugar, dupla história sobre os juízos de Deus, acompanhada de convites ao arrependimento e à oração, 1:2 até cap 2:17; e em segundo lugar, um anúncio  das bênçãos, próximas e remotas, tanto espirituais como materiais que viriam sobre Israel, mediante o seu arrependimento, 2:18 até cap. 3:21. divide-se em quatro partes, a saber:
1. O profeta desenha as desgraças pendentes sobre o país e convida os habitantes a chorar, a se arrepender e a chamar ao Senhor, 1:2-12, 13, 14.
2. O profeta explica como se darão os fatos dizendo: “O dia do Senhor está perto e virá como uma assolação da parte do Todo-Poderoso”, 15. Será um dia de grande aflição: um povo grande e forte, semelhante a um exército invencível, executará a vontade de Jeová, 2:1-11. Ainda assim, o arrependimento evitará o castigo, 12-17.
3. Resultados do arrependimento: Jeová, zeloso de sua terra, promete destruir os invasores, dar a seu povo abundantes colheitas, que compensarão os prejuízos causados pelo gafanhoto, pelo brugo e pela ferrugem, e que jamais cairiam em confusão, 18-27.
4. O livramento  anunciado a Israel naquele momento, serve para anunciar também as bênçãos futuras. Tendo derramado  a chuva sobre a terra para produzir os frutos, Jeová também derramará o seu espírito sobre toda a carne. O sol e a lua se  cobrirão de trevas, como símbolo da ira de Deus, antes que venha o dia terrível de Jeová, como o descreve o cap. 3:14-17. Todo aquele, porém, que invocar o nome do Senhor, será salvo: porque a salvação se achará, como o Senhor disse, no monte Sião e em Jerusalém, 2:28-32. Naqueles dias, quando Jeová levantar o cativeiro de Judá todos os seus inimigos serão chamados a julgamento. Como em um quadro, Joel desenha os  Juízos  que Deus executará sobre as nações e o julgamento final do universo, culminando com o estabelecimento de Sião para sempre, 3:1-21 no texto hebreu é  4:1-21.

A data da sua profecia?

1. Joel refere-se a uma profecia anterior no cap. 2:32, cujas palavras se encontram literalmente  em Ob 17. Quem sabe se ele tinha em mente a passagem de Is 4:2, 3, onde ocorrem as mesmas palavras e a mesma idéia!
2. O livro de Joel anuncia a dispersão do povo de Israel entre todos os povos, 3:2, isto não só em referência às dez tribos em particular, mas a todos dos filhos de Abraão, de Isaque e de Jacó, povo e herança de  Deus. Menciona também o cativeiro de Judá e de Jerusalém, 3:1, porém no espírito profético do Dt cap. 28, de Os 6:11, ou de Mq 3:12; 4:10.  Porque enquanto o profeta e o povo estiverem em Judá, Sião existe, Jl 2:1, 15, e enquanto lá estiver o templo, 1:14; 2:17, e houver nele o culto e os sacrifícios apesar de faltarem as oblações, porque a terra estava devastada, 1:9-13; 2:14.
3. As referências aos acontecimentos passados começam na última cláusula do  capítulo 3:2 (texto hebreu 4:2), conforme parecia indicar a construção gramatical. As nações inimigas  haviam partilhado entre si a terra de Jeová, lançando sobre este os cativos, despojado o templo de seus tesouros de ouro e prata, vendidos os filhos de Judá aos gregos e derramado o sangue inocente, 2-6, 19. As alusões feitas não se referem ao período depois do exílio, nem ao tempo decorrido, entre a primeira deportação dos judeus e a queda de Jerusalém, nem ao período anterior, quando os assírios invadiram o país, porque os juízos não são pronunciados (a) contra a Síria ou Babilônia, e sim contra os inimigos de Judá, que eram Tiro e Sidônia, Edom e Egito, 3:4, 19. Tiro e Sidônia haviam rompido a aliança que tinham com seus irmãos, 3:4; Am. 1:9 e haviam comprado aos filisteus cativos da Judéia, vendendo-os depois aos gregos. A Filístia e Edom  não haviam cometido violência contra Judá, Jl 3:4, 19; 2 Cr 21:16, 17; 28:17. (b) Não se fazem  referência a Assíria que apenas hostilizou o reino de Judá antes do governo de Acaz, 2 Rs 12:17. Durante o reino de Acaz e mesmo depois dele , os profetas de Judá referem-se freqüentemente à Síria como potência inimiga, Is 7:8; 8:4, 17; Jr 49:23-27; Zc 9:1.  ( c )  Não existem alusões à Assíria, que só entrou em conflito com a Judéia depois do reinado de Acaz, e que durante o meio século que precedeu este monarca, não exercia grande  atividade na Ásia ocidental. (d) Não se faz referência aos gregos, que não haviam penetrado na Palestina nem empregado violência contra Judá. O que se diz deles é  como simples nação afastada à qual os fenícios e os filisteus haviam feito vendas de escravos, filhos da Judéia, e em contraste com os homens de Sabá, povo que habitava outro ponto extremo, a quem Judá vendia cativos da Filístia e da Fenícia, Jl 3:1-8. Os comentadores em geral são de opinião que as profecias de Joel são anteriores ao reinado de  Acaz. O lugar que este livro ocupa na ordem dos profetas menores, indica que a opinião corrente entre os que formaram o cânon, e que Joel  começou a profetizar depois que Oséias havia iniciado a sua missão profética e antes de Amós ter começado a sua , isto é, durante o reinado de Ozias, rei de Judá, e enquanto Jeroboão ocupava o trono de Israel, Os 1:1; 7:10.
AMÓS ( CARREGADOR DE FARDOS )
Quem era Amós:
O profeta Amós era natural de Tecoa, uma vila que ficava cerca de 10 Km, ao sul de Belém, a cidade natal de Davi. Apesar de não ser educado para ser profeta, ou como ele mesmo disse “ que apesar de não ser profeta nem discípulo de profeta, mas boiadeiro e colhedor de sincômoros” foi chamado por Deus para profetizar ( Am. 3. 8; 7. 14 – 15 ), embora sendo natural do Reino do Sul ( Judá ) foi chamado primeiramente para profetizar no Reino do Norte ( Israel ), durante o reinado de Jeroboão II, e também profetizou ao Reino do Sul, durante o reinado de Uzias, este ardente pregador quando chegou em Betel, no santuário do rei Jeroboão, onde havia um dos bezerros de ouro, ele falou tão fiel e ousadamente que o sacerdote mandou dizer ao rei que Amós conspirava contra ele. ( Am. 7. 10 ).

O LIVRO DE AMÓS

O Livro de Amós é o terceiro dos profetas menores. Profetizou depois dos reinados de Azael e Benadade e nos dias de Ozias, rei de Judá, e nos dias de Jeroboão, rei de Israel, dois anos antes do terremoto, Am 1: 14; 7: 10; Zc 14: 5, quando o reino havia atingido o maior grau de sua extensão, 6: 14 comp. 2 Rs 6: 25. Proferiu as suas mensagens antes de Oséias ter proferido as suas, constantes nos caps. 4-14 do seu livro. As condições sociais do reino de Israel, refletidas nas páginas de Amós parecem não ser tão desesperadoras como Oséias as descreve, durante os anos em que se deram assassínios, conflitos e desordens, depois da morte de Jeroboão II. Amós não faz refêrencias à invasão dos assírios, como Oséias, provavelmente por ainda não se ter realizado, Os 4-14. O tema das profecias de Amós é o Juízo do Senhor cap. 1: 2, comp. Joel 3:16.O livro compõe-se de três partes: 1. Introdução, (caps. 1, 2 ); 2. Três discursos ( caps. 7-9). As duas primeiras partes do livro são denunciatórias. Cada uma de suas subdivisões termina denunciando os juízes de Deus. 3. Promessas, (cap. 9: 8-15). 1. Na secção introdutória (cap. 1: 2; 11: 16), o profeta denuncia o juízo divino sobre seis nações gentílicas que vizinhavam com os hebreus, também sobre Judá e finalmente sobre Israel. As primeiras sete denúncias se acham compreendidas nas sete estâncias de igual estrutura que começam e terminam do mesmo modo, e estão vinculadas às denunciações sobre Israel, às quais se prendem pela fórmula de abertura. O argumento parece ser: Se estas nações pagãs tem de ser castigadas, quanto mais o será Judá que tem pecado a luz; e se Judá vai ser punido, quanto mais  o será Israel que tem mais profundamente ofendido as leis de Deus. 2. As denunciações contra Israel ocupam o corpo do livro (cap. 3: 1 até cap. 9: 7). Há três discursos começando cada um deles com a formula: “Ouvi esta palavra”, cap. 3: 1; 4: 1; 5: 1, seguidos de cinco visões. Na primeira visão há a devastação pelos gafanhotos, mas, pelas orações do profeta, Deus perdoa a Israel e cessa  a obra devastadora. Na segunda visão, há fogo que seca as águas e destrói a terra; mais uma vez pela oração do profeta, Deus faz cessar o flagelo. Parece que uma nova praga de gafanhotos apareceu durante o ministério do profeta Amós seguida de uma estação de intenso calor e conseqüentemente devastadora seca. Seja como for, as duas pragas dos gafanhotos representam os juízos anteriores caídos sobre Israel; os gafanhotos relembrando a destruição praticada pelos invasores quer sejam insetos, quer sejam exércitos inimigos; e o fogo, significando a justa indignação divina contra o pecado. É mais provável que Amós veja nestas visões as calamidades anteriores, sobre as quais já havia discursado, com o fim de avisar a Israel e que haviam sido suspensas pela graça de Deus, mas que infelizmente não produziram arrependimento, 4: 6-11. Portanto, o povo deve preparar-se para entrar em juízo com o seu Deus, 4: 12. Na terceira visão, Deus mostra o Juízo que viria sobre a casa de Israel, 7: 7-9. Neste ponto, foi o profeta interrompido pelo sacerdote de Betel que o proibiu de continuar com os seus discursos. Na quarta visão, ele vê um cãibo de apanhar frutos, indicando que Israel estava maduro para ser julgado, 8: 1-3. Na visão, Jeová é visto sobre o altar, sem dúvida em Betel, 3: 14, mandando ferir a couceira e abater a verga da porta, indicando que o juízo ia ser executado, 9: 1-4. 3. A profecia termina com as promessas contidas no cap. 9: 8-45: o exílio seria a peneira que havia de preparar a restauração do reino de Davi à sua primitiva glória; seus limites se estenderão sobre a Iduméia e sobre as demais nações pagãs, e o cativeiro será levantado. O texto das profecias de Amós tem sido transmitido em excelentes condições. Quanto á sua legitimidade algumas passagens sofrem contestações, como sejam cap. 2: 4, 5; 5: 8, 9; 9: 5, 6; 9: 8-15. Sobre os vv. 4 e 5 do cap. 2, dizem que o pensamento e a dicção das palavras pertencem ao Deuteronômio, e que as denunciações contra Judá são convencionais e gerais em contraste com as acusações específicas contra as outras nações. Porém: 1. As feições do Deuteronômio, referentes ao abandono da lei de Jeová, à violação de seus estatutos e à adoração de outros deuses, se encontram nos escritos dos contemporâneos de Amós e em outros que o precederam. (Ex 15: 26; 18: 16; Is 5: 24; Os 2: 7, 15; 4: 6). 2. Em referência às denunciações, deve-se notar que elas são arranjadas em séries, e são construídas de modo a atingir a espécie de violações dos mandamentos de Jeová e revelam concepções suficientemente definidas no pensamento profético. (Comp Is 1: 2-4; Os 8: 1; Jr 1: 16; 2: 4-8). 3. Estes dois vv. do cap. 2 já referidos, não podem ser cancelados. As acusações contra Judá, se forem omitidas, alteram a natureza do argumento e perturbam completamente o seu desenvolvimento.. As outras três passagens, 4: 13; 5: 8, 9; e 9: 5, 6, cuja legitimidade foi posta em dúvida, descrevem qualidades inerentes à pessoa divina. Os argumentos que se lhe opõem são os seguintes: Primeiro, que a doutrina referente aos atributos divinos, expressa naqueles vv. não se salienta na literatura hebraica até o tempo do cativeiro. Segundo, que as ejaculações em louvor do poder de Jeová são produzidas em linguagem que pertence a uma época posterior, e que encontra em Isaías, caps. 40 e 46. Terceiro, que duas destas passagens, 4: 13, e 9: 5, 6, não se ligam intimamente com o argumento, e finalmente, que os vv. 8 e 9 do cap. 5, cortam o argumento referido.
OBADIAS ( QUE ADORA A JEOVÁ )
Quem foi Obadias:
As Escrituras não nos da nenhuma informação sobre este profeta, de onde veio ou de onde nasceu, só se sabe que escreveu o livro que leva o seu nome ( Ob.1 ), e que foi conteporaneo de Jeremias.
Obadias profetizou a destruição de Edom, profecia esta que se cumpriu fielmente, porque após 4 anos da destruição de Jerusalém, Edom foi invadido e assolado, ( 581 a . C ), pelos mesmos babilonicos que eles haviam ajudado contra Jerusalém, depois da restauração de Israel, Ciro massacrou milhares deles, foram massacrados pelos judeus no tempo dos Macabeus, Herodes no tempo de Jesus, era indumeu. Depois da destruição de Jerusalém no ano 70 d . C, os indumeus desapareceram da história do mundo.

O LIVRO DE OBADIAS

O livro de Obadias é o quarto dos profetas menores, e contém apenas um capítulo em que prediz a destruição de Edom, 1-9, dando como causa a mortandade e o agravo feito a seu irmão Jacó, 10, 11. Exorta a Edom a não zombar mais dos filhos de Judá nos dias de sua perdição, 12-16, e anuncia o livramento e a expansão de Israel, 17-21. A profecia inteira deriva todo o seu vigor da grande verdade, claramente discernida pelos outros homens piedosos, de que o dia de Jeová estava perto sobre todas as gentes, 15, para destruir a todos os inimigos, quer nacionais, quer estrangeiros, e para firmar sobre a terra o reino de Jeová, 21; cp. Is 2:12, 17, 20, 21;10:12-19; Jl 3:12-21; Am 5: 18; 9: 8-15; Mq 4: 11-13. Existe muita incerteza quanto à data da profecia.
I. Acredita-se geralmente que pertence ao período caldeu, quando Jerusalém esteve alternadamente em poder do rei do Egito e do rei de Babilônia, e, finalmente, tomada por Nabucodonosor em 587 A. C., arrasada, e seus habitantes levados cativos para Babilônia. Esta opinião baseia-se na descrição que ele faz do estado calamitoso de Judá, 10: 15, e da acusação feita a Edom pelas suas simpatias para com Babilônia, Sl 137: 7, e das severas denunciações dos outros profetas do tempo contra Edom, Jr 49: 7-22; Ez 25: 12-14; cap. 35.
II. A profecia pode ser muito anterior, porque: (I) Nenhuma alusão faz aos espantosos incidentes da tomada de Jerusalém, do incêndio do templo, da destruição dos muros da cidade e do cativeiro de seus habitantes. (II) A relação dos vv. 1-9 com Jeremias 49: 7-22. É geralmente reconhecido que a unidade e o movimento de espírito de Obadias e a semelhança entre as duas passagens, indicam que Jeremias dependia de Obadias. (III) A atitude hostil de Edom já vinha de muito longe, Ez 35: 5, e o modo de sentir que Obadias manifesta contra ele, já o havia manifestado Amós um século antes da invasão dos caldeus, Am 1: 6, 9, 11, 12;19:12;cp. Jl 3:19. (IV) As condições históricas e particulares que o profeta pressupõe já existiam no reinado de Acaz. Jerusalém havia sido saqueada várias vezes; invadida e devastada pelos árabes e filisteus no reinado de Jorão, 2 Cr 21: 16, 17; cp. Am 1: 6, no reinado de Amazias, que matou a muitos edomitas. O rei de Israel entrou em Jerusalém, deitou abaixo a parte do muro da cidade que olha para o norte, saqueou o templo e o palácio do rei e levou reféns, 2 Rs 14: 14, 17; 2 Cr 25: 11, 12, 23, 24. Estes fatos terão servido de motivo para amortecer o espírito de fraternidade, o que Obadias profligou. Neste caso, a profecia deve ser do ano 791 A. C., e antedata a Joel, cp. Ob 17 e Jl 2: 32. Ver Joel. Porém, se assim for, a sua posição depois de Joel é um desvio notável da ordem cronológica dos profetas menores.
III. O livro todavia pode ter data aproximada ao tempo de Acaz. No tempo deste rei, grandes calamidades caíram sobre Judá: o rei de Damasco arrebatou os edomitas das mãos de Acaz; o rei de Israel levou suas armas até às portas de Jerusalém; os filisteus tomaram as cidades da planície de Judá; Acaz despojou o templo de seus tesouros para alcançar auxílio do rei da Assíria, de quem se fez vassalo, os israelitas também foram levados cativos, Ob 20; Am 1: 6, 9; cp. 1 Cr 5: 26. Depois, os edomitas fizeram violências a seu irmão Jacó, negaram-lhe  auxílio e fizeram-se como um dos inimigos de Judá, 2 Cr 28: 17; 2 Rs 16: 6; Ob 10, 11. O ano de 731 A. C., ou um pouco antes, no reinado de Acaz, quando Judá sofreu tão grande humilhação, foi tempo muito apropriado para Obadias proferir as condenações contra Edom, repreendê-lo por negar apoio a Judá e por suas hostilidades passadas e presentes, e por se alegrar com as misérias atuais de seu irmão, porquanto o tempo de seu castigo se avizinhava.
JONAS ( Pomba )
Jonas, foi um  dos profetas  de Israel, era filho de Amitai, natural de Gate. Antes de findar o reinado de Jeroboão II, profetizou que Israel recobraria os antigos limites desde a entrada de Hamate até ao mar do deserto, 2 Rs  14:25; Jn 1:1.
O livro de Jonas é o quinto na ordem dos profetas menores. Na versão dos Setenta ocupa o sexto lugar.
As divisões do livro de Jonas
Pode-se dividi-lo em três secções:
I. Desobediência de Jonas, cap. 1. Deus ordenou-lhe que fosse pregar a Nínive, anunciando-lhe a sua próxima destruição. Jonas, porém desejava que aquela cidade fosse castigada, abatendo assim um dos grandes inimigos de Israel. Receava que a sua pregação produzisse efeitos contrários a seus desejos, que o povo se arrependesse e que Jeová suspendesse a execução de sua justiça. Por isso, desceu a Jope e encontrando ali um navio que ia para Társis, embarcou nele. Pavorosa tempestade se levantou, ameaçando o navio. Os marujos lançaram sortes para descobrir o causador de tão forte calamidade. A sorte caiu sobre Jonas. Então ele lhes contou que era servo do Deus do céu, que fez o mar e a terra, e que se o lançassem às ondas, cessaria a tempestade. Com relutância obedeceram. A tempestade acalmou-se logo, e o profeta que havia desaparecido no abismo, foi tragado por um grande peixe que Deus havia preparado.
II. A oração de Jonas, cap. 2. Surpreendido por achar-se vivo no seio das águas, o profeta deu graças a Deus por haver livrado da morte e manifestou desejo de salvar-se. Finalmente o peixe  o vomitou na praia.
III. A mensagem de Jonas e seus resultados, caps. 3 e 4. Encarregado pela segunda vez para ir a Nínive, obedeceu e deu cumprimento à sua missão. Os ninivitas fizeram público arrependimento e Deus poupou a cidade. Jonas mostrou-se descontente com o resultado da sua missão, não por causa do arrependimento que os salvou, 3:9; 4:2, mas porque ele sentia que a sorte de sua pátria corria sério perigo. Pela hera que o Senhor havia feito murchar, ensinou-lhe Jeová uma lição da misericórdia divina para com os homens. O motivo que levou Jonas a fugir, foi sem dúvida a noção estreita de seu patriotismo. Receava que Nínive se arrependesse e que Deus na sua misericórdia salvasse a cidade. Jonas desejava antes a sua destruição, 4:2, 4, 11, por ser um dos grandes inimigos de Israel. Se não fosse destruída, a sua pátria correria sério perigo.

Os objetivos do livro:

O objetivo deste livro é mostrar que a graça de Deus não se limitava a beneficiar os filhos de Abraão e que os gentios, conquanto ainda fora do alcance da lei, também poderiam participar dos favores divinos. Além desta grande lição, o livro de Jonas oferece ilustrações de grande valor espiritual.
1. Nínive arrependeu-se ao ouvir a pregação de Jonas, enquanto que Israel permanecia surdo à pregação dos profetas que lhe eram enviados, cp. Mt 12:41. É um tipo de verdade que seria demonstrado futuramente na pronta conversão dos gentios em contraste com a incredulidade de Israel. Os gentios submeter-se-iam à lei moral e aceitaram a revelação divina no seu todo, conforme o método de salvação esboçado por Oséias e Isaías, Os cap. 14; cp. Is 2:2-5.
2. Jonas na qualidade de israelita e de servo de Deus, foi enviado a pregar aos gentios, provando deste modo que é da vontade de Deus que o seu povo seja quem guie os gentios ao seu reino e os conduza ao arrependimento. Jonas não foi o único dos israelitas em que esta verdade se exemplificou. Elias foi  enviado a uma viúva de Sarepta, 1 Rs 17. Eliseu curou da lepra a Naamã da Síria, 2 Rs 5. Cristo conversou com a mulher samaritana acerca das cousas de Deus e curou a filha de uma mulher sirofenícia, Mc 7; Jo 4.
3. Jonas, israelita e servo de Deus, fugindo ao cumprimento de um dever, é  lançado ao mar. Donde Deus o tirou para obedecer ao mandado divino. Isto vem ilustrar a doutrina profética, que os filhos de Israel, faltando aos deveres que lhes foram impostos, seriam expulsos de sua terra. As relíquias, porém, principalmente as de Judá seriam salvas para executarem a missão de Israel para o mundo, Is 42:1-4; 49:1-13; cp. 2:1-4; 2:2-4; 11:10.
4. Jonas, servo de Deus, precipitado no abismo, e tirado de lá vivo, Jn 2:2, 6, ilustra e talvez prediz a morte e sepultamento do Messias e a sua ressurreição, ele que era o verdadeiro israelita e perfeito servo de Deus, Mt 12:40. Alguém tem posto em dúvida que o livro de Jonas tenha sido escrito por ele. O título, 1:1, é semelhante ao de Os, Jl, Sf, Mq, Ag e Zc cuja autoria não sofre contestações.
Algumas contestações a respeito da autoria deste livro:
Dizem mais que o livro foi escrito muito tempo depois da morte de Jonas, porque:
1. Na oração a ele atribuída encontram-se citações de salmos. Por exemplo: O cap. 2:3 contém palavras do salmo 4:6 o v. 5 do mesmo cap. recorda as palavras do salmo 69:2; o v. 9 do mesmo capítulo encerra o pensamento do Sl 50:14. Porém os salmos podem igualmente conter citações de Jonas.
2. A linguagem do livro de Jonas contém elementos aramaicos e construções gramaticais que se encontram em livros de épocas posteriores. Mas o profeta Jonas pertencia ao reino do norte, isto é, ao reino de Israel, e as feições lingüísticas do livro assemelha-se à literatura do norte, como seja: O canto de Débora, as narrações de Elias e de Eliseu e as profecias de Oséias. A palavra taam, de significação aramaica, é vocábulo assírio que significa uma ordem do rei, e é a mesma palavra que se encontra no livro de Jonas, empregada pelo rei assírio.
3. Falta o nome do rei assírio que governava Nínive, o que parece indicar que o autor do livro o ignorava. Porém, a referência é feita meramente ao monarca  como tal, justamente como se lê em Jz 11:12, 13 em que Jefté enviou mensageiros ao rei dos filhos de Amom, sem dar o nome do rei. O mesmo modo de dizer se encontra em referência ao rei de Moabe, em 1 Sm 22:3; e assim por diante, falando do rei de Edom 2 Rs 3:12, do rei da Assíria, 23:29; 2 Cr 33:11, do rei de Damasco, 2 Cr 24:23, apesar de serem nomes muito conhecidos aos escritores dos respectivos livros, mas que não julgaram necessário mencioná-los. Geralmente os hebreus falavam dos reis de Nínive, dizendo: rei da Assíria, e no livro de Jonas diz-se, rei de Nínive. Do mesmo modo se diz de Seom, rei dos amorreus, Nm 21:21, 29; Dt 1:4; 3:2; 4:46, também denominado rei de Hesbom, Dt 2:26; Js 2:5; 13:27, lugar de sua residência oficial. A Benadade chamava-o rei da Síria, 1 Rs 20:1, e também rei de Damasco, 2 Cr 24:23. Acabe era rei de Israel e também o denominavam rei de Samaria, 1 Rs 21:1. A data da profecia de Jonas pode ser antes do reinado de Jeroboão II, ou pouco depois dele, 2 Rs 14:25. Cronologicamente talvez pertença à época posterior a Amós, Am 1:1, antes do reinado de Tiglate-Pileser, rei da Assíria, que começou a governar no ano 745 A. C.
Alguns consideram o livro de Jonas como  mito, lenda, parábola ou conto.
Os principais intérpretes são de opinião que este livro é:
1. Uma alegoria, ou narração parabólica, opinião muito em voga, removendo a idéia de milagre, ou se não houve milagre na salvação de Jonas, é extraordinária a natureza do acontecimento. Dizem que Jonas era o tipo de Israel, fugindo às obrigações que lhe eram impostas de dar testemunho  da vontade de Deus ao mundo. O mar representa freqüentemente as nações enfurecidas; o sono de Jonas, simbolizava a frouxidão de Israel em cumprir os seus deveres para com os gentios, e por este motivo entregue ao cativeiro, porém, conservado vivo; tendo sofrido as lições do cativeiro, porém ainda preparado para empreender o cumprimento de sua missão, e ainda assim na estreita compreensão da grande misericórdia de Deus para com as suas criaturas. Em apoio desta teoria, citam o profeta Jeremias que representa Nabucodonosor sob a imagem de um dragão engolindo a Israel, mas ao mesmo tempo vomitando a sua prêsa, 51:34. Citam ainda Oséias que representa o exílio de Israel durante apenas três dias, Os 6:2. Mas se o livro de Jonas contém imagens tiradas de Jeremias, o mesmo se pode dizer de Jeremias, haver emprestado as suas imagens de Jonas. Oséias foi contemporâneo do profeta Jonas no reino de Israel, e poderia inspirar-se nas lições de Jonas se houvesse dependência recíproca, entre Os 6:2 e Jn 1:17.
2. Alegoria histórica. O elemento miraculoso aumenta ou diminui segundo o juízo e o conhecimento individual. A concepção da narrativa como verdade histórica, tem a seu favor o seguinte: (I) A forma do livro é histórica e todos que o lêem recebem esta impressão. (II) Jonas é sem contestação uma personagem histórica. (III) Conquanto se possa dizer que as palavras de Cristo a respeito de Jonas estar no ventre da baleia, não quer dizer que o fato seja realmente histórico e que Jesus acreditasse na sua realidade, é não obstante muito provável que os judeus pensassem de modo diferente e que Jonas fosse tido como personagem real, Mt 12:39; Lc 11:29, 30. (IV) O conteúdo deste livro foi sempre considerado pelos judeus como narração histórica, Antig. 9:10, 2. (V) O arrependimento dos ninivitas é fato digno  de fé. Os ninivitas, como todos os outros povos eram supersticiosos; as misérias do povo e a condição lastimável do império, dispunham-nos a escutar a voz dos deuses. O aparecimento de um profeta, vindo de terra estrangeira da qual haviam sabido cousas maravilhosas, devia ter produzido um efeito extraordinário: o Espírito de Deus opera quando e onde quer. Contra o caráter histórico do livro, há os seguintes argumentos: (a) Que a conversão permanente dos ninivitas não se deu. De certo que não e nem se diz isso em qualquer parte do livro: o que se diz é que o povo daquela geração se arrependeu sob a ação do rei. Assim aconteceu com os homens de Judá no reinado de Ezequias e de Josias, que se santificou à ordem de seus reis. (b) Outro argumento contra o caráter histórico do livro, é a descrição que ele faz sobre as dimensões da cidade, 3:3; 4:11. (c) Outro argumento põe em dúvida o rápido crescimento da planta que protegeu a cabeça de Jonas contra o ardor do sol, 4:10. Mas este crescimento foi miraculoso ou extraordinário? O Targum traduz o v. 10 desta forma; “Que em uma  noite cresceu e em outra murchou.” Provavelmente esta linguagem representa o caráter efêmero da planta, pela própria narrativa dos vv. 6-8 não se pode concluir que o crescimento fosse miraculoso, cp. Sl 90:6; Mt 6:30. (d) Diz-se ainda que o livro teve foros de histórico  quando se punha em ordem o cânon hebraico, colocando-o entre os livros históricos  e não entre os proféticos. Porém os fatos nele contidos são típicos e proféticos, como os que se encontram em Zc 6:9-15. E o que é mais, o cânon hebraico  não faz distinção entre livros históricos e livros proféticos. Os escritos em prosa dos profetas oficiais estão agrupados por si mesmos. Excetuando o livro de Rute, todos os demais livros, desde Josué até ao 2º livro dos Reis, inclusive, pertencem à classe dos livros proféticos. Está coleção forma uma história contínua, seguida imediatamente por um segundo grupo, denominado profético, que compreende todos os demais livros restantes que têm o nome oficial do profeta. É aqui o lugar a que pertence o livro de Jonas, e aqui foi ele colocado.
MIQUÉIAS ( QUEM É SEMELHANTE A JEOVÁ )
O LIVRO DE MIQUÉIAS
O livro de Miquéias é o sexto dos profetas menores. Seu autor profetizou nos reinados de Jotão, de Acaz e de Ezequias, 1: 1. O seu conteúdo mostra que foi escrito depois dos reinados de Onri e de Acabe, 6: 16, no tempo em que a Assíria era potência temida pelos israelitas, 5: 5, 6, e pelo menos, em parte, quando a Samaria e o reino do norte ainda existiam, 1: 6- 14; porém, não se pode dizer quanto tempo antes da queda de Samaria, foram proferidas as palavras contidas no cap. 1: 5-7; porque, desde os dias de Ozias e de Jotão, os profetas ainda estavam anunciando a queda de Samaria, Os 1: 6; 3: 4; 5: 9; Am 2: 6; 3: 12; 5: 1-3, 27; 6: 1, 7-11, 14; Is 7: 8, 9; 8: 4, e a desolação de Judá, Os 5: 10; Am 2: 4; Is 6: 1, 11-13; 7: 17-25. A alusão à queda de Basã e Gileade poderá indicar um período mais distante do que 733-732 A. C., quando Tiglate-Pileser invadiu aquele território e levou cativos os seus habitantes, Mq 7: 14, onde a expressão “dias antigos” se refere à ocupação da região de Israel, desde o tempo da conquista e daí para diante, comparar os vv. 14 e 20. A profecia do cap. 3: 12, foi anunciada durante o reinado de Ezequias, Jr 26: 18, se bem que Miquéias poderia ter tratado do mesmo assunto algum tempo antes.
As profecias de Miquéias, referem-se especialmente a Judá, e são dirigidas ao povo do reino do Saul, mas, nem por isso, deixam de compreender todo o Israel, 1: 1, 5-7, 9-16. As transições abruptas indicam que o livro é antes um sumário dos ensinos dos profetas, do que uma série continuada de discursos distintos.
A expressão “ouvi todos vós” repetida três vezes, serve para marcar o princípio de cada uma das três divisões, que terminam também com uma mensagem de esperança. I. Juízo sobre Samaria por causa das suas disposições incuráveis para a idolatria, 1: 1-8, e sobre Judá, dominado por iguais disposições, 9-16. Maldições contra os opressores do povo, e profecias anunciando a ruína e o cativeiro da nação 2:4, 5, como punição dos seus representantes injustos e iníquos 2:1-11, salvando-se apenas algumas relíquias, 2: 12, 13. II. Denunciações acompanhadas de promessas de salvação. Exprobrações às autoridades civis e religiosas pela indiferença covarde para com a verdade e a justiça e pelo caráter mercenário de suas doutrinas e governo, 3: 1-11; conseqüentemente abandono de Sião por Jeová às forças inimigas, 12, e a exaltação final do reino de Deus pela sua influência moral entre os homens, promovendo a paz, a prosperidade e a força, 4: 1-8. Porém, atualmente, é só tristeza, desesperança e cativeiro, 9: 10, seguido de vitória sobre seus inimigos por se haverem oposto a Jeová, 11-13. Presentemente, Sião será devastada, 5: 1, até ao tempo em que se há de manifestar aquele que governará a Israel, e cuja geração é desde o princípio, desde os dias da eternidade, 2-4. Esta predestinação divina acerca do Messias assegura o livramento de Sião das mãos dos assírios, 5, 6; cp. Is 7: 4-16, e serve de  penhor e de garantia à sobrevivência do povo de Deus através dos séculos e ao seu triunfo sobre todos os inimigos e à realização de todos os ideais divinos, 5: 7-15. III. Controvérsia de Jeová com o povo como unidade social, não com os ricos e com as classes dirigentes somente, 6:1-5, explicando os requisitos da verdadeira religião, 6-8; veja também Is 1: 11-17, e largamente que se tenha apartado deles, 6: 9 até cap. 7: 6, terminando pela manifestação de sua própria confiança em um futuro glorioso, devido à graça misericordiosa de Jeová e à fidelidade de suas promessas a Abraão, 7-20.
O capítulo 4: 1-3 é quase idêntico a Is 2: 2-4, porém o assunto é mais intimamente ligado do que a passagem correspondente de Isaías com os versículos que imediatamente a seguem. O profeta Joel exprime idéia semelhante, 3: 10. Isaías com certeza citou as suas palavras, como prova a frase que lhe serve de introdução: “E acontecerá isto que”, a qual poderia ter citado de Miquéias. Porém, as variações verbais entre Isaías e Miquéias e entre estes dois e Joel, podem explicar-se, supondo que todos eles adotaram uma predição tradicional muito vulgar em seu tempo. De qualquer modo que seja, o povo de Deus desse tempo era instruído por profecias autorizadas, nas quais depositavam a sua confiança, e que citavam como hoje fazem os cristãos.
A integridade do texto de Miquéias tem sofrido contestações por parte de alguns. Os argumentos em favor desta opinião consistem, principalmente, nos seguintes fatos, reforçados com freqüência pela afirmação de que o estilo não é de Miquéias: I. Ele pressupõe a existência de um cativeiro, 2: 12, 13; 7: 7-20.
Certamente que Miquéias não poderia deixar de ver o futuro exílio de seu povo, porque: 1. Baseado nas lições de Moisés registradas no Deuteronômio, era natural que Miquéias poderia saber de cor, Is 39: 6, 7, futuramente. De harmonia com os príncipes morais da lei, a desobediência quer dizer enfraquecimento e ruínas. Em tais condições, e naquelas épocas remotas, as conseqüências resultantes dos pecados nacionais seriam o domínio estrangeiro sobre a nação, o exílio e o cativeiro, Dt 28: 31-37, 47-53; cp. Is 1: 19, 20. 2. O cativeiro de Judá, ou quando menos, o exílio das classes superiores, são passagens genuínas em Miquéias, e o exílio da nação como povo, é claramente anunciado por Isaías, Mq 1: 15, 16; 2: 3-5, 10; Is 5: 13; 6: 11-13; 7: 3; e bem assim a volta das relíquias de Jacó à pátria, 10: 21. Uma vista antecipada, cabe muito bem na profecia de Miquéias. Os críticos desta força, que aceitam como genuíno o contexto, rejeitam ao mesmo tempo a cláusula do cap. 4: 10, onde se menciona Babilônia como o lugar do exílio. É uma circunstância que pode ser omitida sem prejuízo de sentido. Segue-se que (1) muitos cláusulas genuínas podem ser omitidas, sem prejuízo de suas ligações, (2) Isaías fala de Babilônia como lugar do exílio, em uma profecia que Miquéias poderia saber de cor, 39: 6, 7. Ainda mais, Isaías tendo em mente a dispersão dos filhos de Israel por todo o mundo habitado, menciona Sinear, isto é, Babilônia, como sendo uma das terras do exílio, 11: 11. A porção deste capítulo como a cláusula de Miquéias é impugnada por se referir ao exílio para Babilônia. II. Elementos messiânicos, tais como: a reunião do povo de Israel, a sua entrada triunfante, tendo à sua frente o seu rei, Mq 2: 13, a paz e a prosperidade de Sião no período messiânico e a entrada dos gentios, 4: 1-8, e a pessoa do Messias, 5: 2-8. Porém estas idéias corriam dominantes do pensamento contemporâneo de Miquéias, Os 11: 8-11; Is 2: 2-4; 4: 2-6; 9: 1-7; Hb 8: 23 até cap. 9: 6; Is 10: 20-22; 11: 1-10; Am 9: 11-15. III. A universidade das relações de Jeová com o mundo gentílico. A resposta a esta objeção é a seguinte: (1) Não faltam pressuposição na mente de Miquéias, que não sejam o reflexo de outras passagens reconhecidamente genuínas, 1: 2. (2) Uma concepção de universidade aparece em Amós, anunciando os castigos de Jeová sobre as nações que hostilizaram de Deus, Am caps. 1 e 2, atitude de Jeová contra Damasco, o Egito e Assíria proclamada por Isaías, e nos escritos atribuídos a Jeremias e a Ezequiel em que se faz menção ao governo moral que Deus exerce no mundo, Gn caps. 2 a 11; 18: 25, etc. IV. As idéias escatológicas de um fracassado ataque das nações contra Sião, em contraste com a profecia, anunciando a queda de Sião às mãos de seus inimigos, Mq 4: 11-13, com 3: 12. As duas idéias, contudo, não são inconsistentes. Miquéias e os outros profetas de seu tempo, e outros depois deles, encaravam o conflito entre Judá e as forças do mundo, sob dois pontos de vista: Um deles é que Jeová entregaria seu povo à espada e ao cativeiro por causa de seus pecados; e o outro é o que considera as hostilidades do mundo contra Sião, como sendo feitas contra Jeová, de que resulta a sua destruição, Is 1: 19, 20; 8: 5-8, 9, 10; 10: 5-7, 12-16, comp. Is 3: 8, 24-26; 5: 13, 26-30. Nenhuma espada que se levante contra Sião sairá vencedora. As investidas da Assíria contra Judá, por Senaqueribe, nos dias de Isaías, e talvez de Miquéias e o seu fracasso, oferecem bela ilustração dos dois princípios, aqui proclamados como verdade válida em todos os tempos, 2 Rs 18: 13 até cap. 19: 37, cp. 18: 11, 12; 19: 4-7. V. A condenação dos simulacros e dos altares de que se servia o povo em suas práticas idólatras, e que se deu depois que os profetas começaram a falar contra os altos, isto é, depois da reforma promovida pelo Deuteronômio. Deve-se notar, porém, que as proibições contidas no livro de Deuteronômio não são originalmente mosaicas; e que a atitude de Miquéias é a mesma de seu predecessor Oséias. A própria construção de simulacros é condenada por este profeta, 10: 1: 2, que condenando todos os ídolos, deveria compreender também os simulacros, cp. 2: 5, 13; 4: 12-17; 8: 4-6; e Mq 1: 7. Além disso, a passagem inteira de Mq 5: 9-14 é semelhante à de Is 2: 6-8. VI. As transições abruptas de ameaças para promessas, Mq 2: 12, 13; 4: 1-8; 7: 7-20. Esta seqüência é muito freqüente entre os profetas. Uniformemente, depois de anunciar as maldições e os castigos, eles iluminavam a escuridão da ira de Deus, com os raios fulgurantes das promessas divinas, animando os homens piedosos a permanecer firmes, a lutar e a ter esperança. É costume desses críticos que se ocupam a formular as objeções já mencionadas, separar estas passagens, a fim de prepararem o terreno para fundamentar as suas teorias.
Várias considerações se oferecem para defender a legitimidade dos caps. 6 e 7. O pensamento do profeta acerca dos exílios, Mq 7: 12, não nos deve surpreender em um contemporâneo de Isaías; a esperança de ver os muros de Jerusalém reconstruídos 7: 11, é muito natural, depois de haver falado de Sião, pisada como se pisa a lama das ruas, 10. Contra a afirmação de Edwald, dizendo que os caps. 6 e 7 pertencem à época de Manassés (se bem não esteja fora do tempo de Miquéias) podemos opor a opinião de Cornill que afirma que todo o conteúdo dos caps. referidos se aplica perfeitamente à época de Acaz. A antecipação do exílio, 7: 7-20, e a devastação do reino pelos inimigos, 6: 13-16, e a submissão destes, 7: 16, 17, e as transições das ameaças para as promessas, caracterizam os caps. 1 até 5, da mesma sorte que os caps. 6, 7. Estes capítulos formam natural seqüência dos capítulos 1 a 3, que contém as denunciações de Jeová contra os representantes oficiais da nação, para os caps. 6 e 7 em que se encontram as controvérsias com o povo. A representação de Jeová em controvérsia com Israel, era familiar aos profetas deste período, Os 4: 1; 12: 2; cp. Is 1: 2-24. Era também prática muito comum dos profetas Miquéias, Oséias e Isaías, referirem-se aos fatos da primitiva história como se vêm em Is 6: 4, 5; 7: 15, 20; Mq 1: 15. Do mesmo modo que as profecias dos capítulos 1 até 5 se parecem com as produções de Isaías, assim também se parece o cap. 6 com o primeiro capítulo do mesmo profeta
NAUM (Compassivo )
Quem era Naum:
Profeta natural de Elcese, aldeia da Palestina. Profetizou para a tribo de Judá, 1: 15, e não para as dez que estavam no cativeiro. E profetizou contra Ninive, durante o reinado de Ezequias, foi no tempo em que Ezequias retirou todo o ouro e a prata do templo e o enviou ao rei da Assiria, na esperança vã de aplacar sua furia, ( 2 Reis. 18. 16 ), nesse tempo de desespero  e desanimo em Judá, Deus chamou Naum para profetizar adestruição de Ninive e animar Seu povo.
O Livro de Naum:
O lugar que este livro ocupa na ordem dos profetas menores, depois de Miquéias e antes de Habacuque e Sofonias, dá a entender que foi escrito entre o princípio do reinado de Ezequias e o final do reinado de Josias, Mq 1: 1, Sf 1: 1, porque este profeta faz referências a destruição de Noamom (Tebas, Egito), 3: 8-10, tomada pelos assírios em 664 A. C., e prediz a queda de Nínive, 7, que ocorreu pelo ano 600. Tudo isto marca os limites do tempo em que o livro foi elaborado, que vem a ser nos cinqüenta e oito anos decorridos entre os dois acontecimentos citados, quando o povo se achava consternado pelas persistentes invasões dos assírios e pelo cativeiro de seu rei. O tema da profeta é o peso de Nínive, 1: 1. Insiste em declarar que Jeová é Deus zeloso e vingador, que se arma de furor contra seus adversários e ao mesmo tempo serve de baluarte para os que nele confiam, 2-8; acusa o povo de se mostrar indiferente para com aqueles que falam a abandonar o seu serviço, 9: 11; declara firme o propósito que Deus tinha de livrar o seu povo, 12-14; e exorta-o a permanecer fiel ao Senhor e às suas ordenanças, 15. Nestas bases, o profeta passa a descrever a destruição das nações que estavam em oposição ao reino de Deus, descreve o sítio da cidade, 2: 1-10, e aproveita a ocasião para mostrar o seu estado lastimável, semelhante a uma caverna de leões, 11-13. Voltando a descrever o sítio, atribui as desgraças que ela sofre à multidão de seus crimes, 3: 1-4. Aludindo a eles, o profeta faz uma comparação entre ela e uma prostituta, castigada com vergonha e opróbrio, 5-7. Chama a atenção para No-Amom, Tebas, cujos habitantes sofreram o cativeiro, sendo superior a Nínive, 8-10, e anuncia que esta cidade será igualmente destruída, 11-19.
HABACUQUE  ( Abraço )
Profeta de Judá. Infere-se pela leitura da sua oração no cap. 3, e pelo conteúdo do v. 19, que pertencia à tribo de Levi, e que  era um dos cantores do templo. Também é considerado por alguns historiadores como o profeta filósofo.
O Livro de Habacuque:
O livro de Habacuque é o oitavo dos profetas menores. Contém:
1. Queixas  sobre os trabalhos e iniqüidades dos ímpios  a que Deus não havia prestado atenção, 1: 2-4. Deus  responde dizendo: Eis-aí vou eu suscitar os caldeus, essa nação cruel e veloz, 5-10,  que, por sua vez, também será punida, 11.
2. Uma segunda queixa: O reino de Deus, na verdade, não perecerá, e os caldeus serão visitados pela justiça divina, 12, porém subsiste ainda um problema moral: Deus  consente  que os caldeus  devastem e destruam os que são mais retos do que eles, 13-17. Deus responde: Os caldeus são altivos e injustos, mas o justo vive pela fé, Hc 2: 1-4. Bem compreendida esta verdade, resolve o problema. A confiança que temos  em que Deus castigará a iniqüidade dos ímpios, habilita o profeta a pronunciar os cinco ais  contra as grandes potências do mundo, pelas cinco  formas de suas maldades, 5-20.
3. Oração  de Louvor, 3: 1-19, em que, depois  de uma invocação e de uma petição para que Deus, na sua ira, se lembre de  sua misericórdia, o profeta descreve o aparecimento de Deus  em glória e majestade, enchendo de confusão a seus inimigos, 3-15, e manifesta a sua inteira  confiança em Deus, 16- 19. O livro não tem data, porém, evidentemente, foi escrito no período do domínio caldeu. 1. O templo ainda existia, 2: 20, e nele, o exercício do coro musical, 3: 19.
4. O aparecimento do poder dos caldeus  entre as nações, ocorre na geração do seu tempo, 1: 5, 6 e o aniquilamento da nação judaica, por aquele povo, já  estava iniciado, 1: 6, 17. O povo caldeu já era conhecido, desde muito, aos hebreus. Chamaram sobre si a atenção do mundo pela revolta contra o poder dos assírios em 625 A. C. prosseguindo, daí em diante, a sua carreira de conquistas, que lhes deu lugar saliente entre os povos antigos, com a tomada de Nínive em 607 A. C., e pelas vitórias alcançadas sobre os egípcios em Carquemis em 605. A maioria dos críticos, por conseqüências, opinam que o livro devia ser escrito no princípio do reinado  de Joaquim, quando se deu a batalha de Carquemis. Poderia, contudo, antedatar a queda de Nínive, porque, não somente os caldeus começavam a mover-se em 625; mas ainda que os acontecimentos, anteriores à queda de Nínive em 607, indicam a aproximação da futura grande potência do mundo. A submissão deste povo ao reino de Judá, havia sido vaticinada pelos profetas hebreus, Mq 4: 10; Is 11: 11; 39: 6, 7. Os caldeus eram notáveis em todo o mundo pela sua ferocidade, pelo seu caráter aguerrido, pela sua habitual crueldade, pelas devastações que praticavam e pelos processos e métodos de guerra, perfeitamente descritos no cap. 1: 4-10. Se a profecia teve lugar antes da vitória de Carquemis, o profeta, no cap. 1: 2-4, lamenta o carnaval de iniqüidade de que era testemunha em Israel, ou no mundo em geral.
SOFONIAS ( O SENHOR PROTEGE OU ESCONDE )
Quem era Sofonias :
Sofonias era filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, ( Sf.1. 1 ), sua geanologia é dada até a Quarta geração passada, uma das razões disto é mostrar que ele era um descendente da realeza, era um trineto do piedoso rei, Ezequias, sendo pois de sangue real e parente de Josias. As Escrituras não nos revela o lugar de seu nascimento.
Sofonias, um autêntico profeta do Senhor enfrentou e profetizou a uma nação corrupta e ímpia, Judá, tudo nos leva a crer que Sofonias profetizou a Judá depois da destruição de Israel, durante os dias de Josias, provavelmente suas mensagens foram proferidas antes das reformas de Josias, pois mostram um povo rebelde e pervertido e que não buscam a Deus.

O LIVRO DE SOFONIAS

O livro de Sofonias é o nono dos profetas menores.  O tempo mencionado no primeiro v. é confirmado pela omissão da palavra Gate, na enumeração, das cidades dos filisteus, 2: 4, pela ausência do nome de Nínive, ainda existente, 13, e pela falta de alusões aos caldeus.
O assunto fundamental da profecia é a grande doutrina do juízo universal.
1. Juízo universal semelhante ao dilúvio em seus efeitos, 1: 2, 3; destruição da Idolatria de Jerusalém, 4-6; julgamento sobre os pecadores de Judá, como se o Senhor preparasse um grande sacrifício, 7-13; será um dia de névoas e de torvelinho por causa da sua iniqüidade, 14-18.
2. Convite para o arrependimento, meio único de escapar, 2: 1, 2, e de achar asilo no dia do furor do senhor, 3. reforçado pelas declarações de que o castigo de Deus cairia sobre as outras nações por causa das suas maldades, 4-15.  Jerusalém não escapará porque não se arrependeu; o Senhor no meio dela fará justiça, 3: 1-8.
3. Resultados benéficos que  juízo de Deus produz.  As nações se voltarão para Senhor, 9, 10, as relíquias de Israel confiarão no Senhor, e serão santas, 11-13, e o Senhor reinará glorioso como rei no meio de seu povo, 14-18, trazendo-o do cativeiro e fazendo dele o louvor de todos os povos da terra, 19, 20.  Parece que esta profecia foi enunciada antes da reforma religiosa inaugurada por Josias em 622 A. C., 2 Rs 22: 3; 2 Cr 34: 8 a cap. 35: 19.  Pode bem ser que fosse proferida nos anos prévios à conquista de Nabucodonosor, Jr 25: 3; 26: 1-6, 12, 13, 20; 2 Rs 23: 32, 37.
AGEU ( Festividade  ou Festivo )
Nome de um profeta, contemporâneo de Zacarias, Ag 1: 1; Zc 1: 1. Profetizou depois da volta do cativeiro de Babilônia. O trabalho da reconstrução do templo estava interrompido havia 15 anos. O profeta foi o grande instrumento que levantou o ânimo do povo para continuar a obra, Ed 5: 1; 6: 14.

O LIVRO DE AGEU

O livro de Ageu contém quatro profecias pronunciadas no espaço de quatro meses, no segundo ano do reinado de Dario Histaspes, 520 A. C.
1. No primeiro dia do sexto mês, o profeta repreende aqueles que haviam deixado o templo em ruínas, ao passo que haviam construído para si, casas forradas de laçaria: mostra-lhes como as benções de Deus haviam decrescido sobre o trabalho  de suas mãos. Em vista destas exortações, o povo meteu mãos à obra na reconstrução da casa do Senhor, no dia vinte e quatro do sexto mês.
2. No dia 21 do sétimo mês, ele anima aqueles que lamentavam a inferioridade do templo, comparado com a glória do primeiro; e prediz que a glória do segundo seria maior do que a do primeiro, porque o Senhor moveria as nações e o Desejado de todos os povos encheria de glória a nova casa, 2: 1-9; Hb 12: 16-28.
3. No dia 24 do nono mês, ele faz um aditamento a esta profecia, dizendo: Se um homem poluto, por ter tocado um corpo morto, tocar qualquer de todas as causas, acaso ficará ela por isso contaminada? Responderam os sacerdotes e disseram: Ficará contaminada. Assim é que este povo, e assim é que esta gente, está diante da minha face, diz o Senhor, e assim está a obra de suas mãos, e todas as cousas que ali ofereceram, serão contaminadas, pelo que não mereceram as bençãos de Deus, 2: 10-19.
4. No mesmo dia ele acrescenta á segunda profecia: “Eu abalarei juntamente o céu e a terra, e farei cair os tronos e quebrarei a fortaleza do reino das gentes, e tomarei a Zorobabel, filho de Salatiei, debaixo de minha proteção, diz o Senhor”, 2: 20: 23
ZACARIAS ( JEOVÁ SE LEMBRA )
Nome de um profeta, filho de Baraquias, e neto de Ado, Zc 1: 1. Profetizou a princípio, no segundo ano de Dario Histaspes, 520 a. c., 1: 1; Ed 4: 24; 5: 1. Foi contemporâneo de Zorobabel, governador da Judéia, de Jesus, sumo sacerdote e do profeta Ageu, Zc 3: 1; 4: 6; 6: 11; Ed 5: 1, 2, e uniu-se a este último para exortar os chefes do povo a reassumir a obra do templo do Senhor. É difícil acreditar que tivesse nascido em Babilônia, porque os exilados haviam regressado à Palestina havia apenas dezoito anos e Zacarias começou a profetizar antes de ter 18 anos de idade. É quase certo pertencer à tribo de Levi, e semelhante a Jeremias e a Ezequiel, fosse profeta e sacerdote ao mesmo tempo; porque, segundo Neemias, Ne 12: 1, 4, 7, Ado era chefe de uma família sacerdotal e um dos que haviam voltado do cativeiro com Zorobabel. Um dos descendentes de Ado, chamado Zacarias, foi chefe da casa sacerdotal de Ado, durante o pontificado do sumo sacerdote Joiaquim filho de Jesus, 10, 12, 16. É verdade que a genealogia que se encontra no livro de Neemias, pode ser inteiramente distinta da genealogia a que pertence o profeta, não obstante se encontrarem nela os mesmos nomes e na mesma ordem, porém a teoria que as identifica não tem a mínima conformação.
1. Quando Ado chegou a ser chefe de uma família sacerdotal, é justo concluir que já fosse avançado em anos, quando regressou do cativeiro no ano 538 a. C., Zacarias, seu descendente, chegou à mesma posição na geração seguinte, o que significa haver atingido à mesma idade, no ano 520 A. C. para que se pudesse chamar moço. O profeta Zacarias é assim chamado ( é verdade que por um anjo) no ano 520 A. C., Zc 2: 4.
2. Admitindo que Baraquias, pai do profeta, fosse filho de Ado, e que morresse antes do ano 520, sem chegar a ser chefe de uma família, então, o profeta Zacarias teria ficado na linha seguinte da sucessão e por isso é que Esdras o chama filho de Ado, como seu sucessor e descendente. Mesmo que Baraquias fosse vivo, o seu nome podia ser omitido, porque só era necessário mencionar o nome do chefe da família a que pertencia, a fim de dar-lhe lugar entre as tribos de Israel. A suposição de haver morrido Baraquias, também deve explicar porque é que na geração, posterior à volta do cativeiro, Zacarias aparece como chefe de uma família.
3. A teoria que dá o profeta como sacerdote, explica-se pela familiaridade que ele revela com as idéias e funções sacerdotais, caps. 3 e 4. A outra idéia é defendida por Kimchi. Segundo ele o termo profeta que se encontra no cap. 1: 1, 7 refere-se a Ado. Esta teoria é falha de provas, mas nem por isso se deve desprezar, porque, entre o vidente Ado e o profeta Zacarias, decorre um período de quatro séculos.

O LIVRO DE ZACARIAS

O livro de Zacarias é o undécimo dos profetas menores, e pode ser assim dividido:
I. Introdução e uma série de oito divisões:
A introdução fere a nota principal de todo o livro, 1: 1-6. voltar atrás aos caminhos da obediência: “Convertei-vos a mim e eu me converterei a vós.”
Primeira visão: a manada de cavalos, 7-17, velozes e incansáveis mensageiros. Deste modo Deus ensina que ele preside aos acontecimentos do mundo. Não há indícios de salvação para o povo de Deus nem de punições para os seus opressores: tudo está em paz. Contudo Deus é cioso por Sião e sente-se profundamente indignado contra os inimigos de seu povo. Portanto, volta-se para Jerusalém em misericórdia, promete edificar a sua cidade e a sua casa e dar grande prosperidade à sua terra. A primeira visão serve de intróito às sete que se lhe seguem.
Segunda visão: Os quatro cornos e os quatro oficiais, 18-21. Quer dizer que os quatro cornos representam os quatro povos que devastaram a Judá, cuja destruição está decretada.
Terceira visão: o varão que tinha na mão um cordel de medidores, cap. 2. A animadora mensagem das primeira visão vai realizar-se, isto é, a reconstrução de Jerusalém. A idéia se expande. A cidade não será medida como geralmente são as cidades pela extensão de seus muros; porque ela gozará de ilimitada prosperidade sem muros que a estorvem. Não lhe faltará segurança: Jeová será para ela um muro de fogo para sua defesa.
Quarta visão: o sumo sacerdote Jesus, cap. 3. O sacerdócio, ainda que humano
e profanado, contudo, como um tição tirado do fogo, o Senhor o purificou, mandou que se lhe tirassem os hábitos sujos e que se lhes dessem outros limpos. Sob promessa de obediência, o Senhor promete a continuação de suas bênçãos. Torna-se patente que os sacerdotes são tipos do Messias. Por uma ação simbólica, declara-se que Deus tem um propósito que vai realizar: Ele fará aparecer aqueles que os tipos representam.
Quinta visão: O candeeiro de ouro e as duas oliveiras, cap. 4. Parece indicar que a luz da igreja, posto que fraca, depois do exílio, vai morrer. Assim não acontecerá: Deus preparou abundante e inesgotável reserva de óleo para alimentar por si mesmo as sete lâmpadas.
Sexta visão: O livro volante, 5: 1-4. Deus pronuncia a maldição sobre a face da terra para destruição dos maus.
Sétima visão: é a continuação da sexta. A impiedade personificada por uma mulher, presa dentro de uma talha, que foi arrebatada da terra, 5-11.
Oitava visão: As quatro carroças saindo da presença do Deus de toda a terra, 6: 1-8. As quatro carroças representam os quatro ventos, que são as forças ocultas da Divindade. Esta visão quer dizer que todo o plano esboçado nas visões anteriores será executado pelo Senhor de toda a terra.
II. Ação simbólica:
A coração do sumo sacerdote, 6: 9-15. Este cerimonial vai realizar-se no futuro, e refere-se a renovo que brotará por si mesmo da linguagem de Davi.
III. Os deputados vindos de Betel para saber se deveriam continuar a fazer jejuns agora que os motivos que os justificavam haviam em parte cessado, e as quatro respostas do profetas, caps. 7, 8;
(a) Os jejuns que fizeram no cativeiro não foram para o Senhor senão para si mesmos. O que Deus quer é obediência, 7: 4-7;
(b) A justiça e a verdade são as coisas que Deus deseja. A desolação do país e a dispersão do povo não são coisas para lamentar: eram o castigo da desobediência e o meio de operar a reforma de vida. 8-14;
(c) Deus volta-se para Sião com grande zelo, e lhe dará justiça e santidade, 8: 1-17;
(d) Os jejuns se converterão em festas, 18-23.
IV. Ás visões,
Seguem-se os pesos revelando o propósito divino de destruir os opressores de Judá e trazer muitos povos para o seu reino.
Primeiro peso: Jeová destruirá os inimigos do reino de Deus. As punições pendem sobre todas as nações vizinhas para abatê-las. Contudo, umas relíquias da Filístia serão incorporadas ao reino de Deus. Jerusalém estará em segurança no meio das desolações, porque o Senhor se acampará em torno de Judá, cujo rei está para chegar, cap. 9.
Episódio: Exortação para buscarem o Senhor a fim de alcançarem as bênçãos prometidas, porque os ídolos deram repostas vãs e os adivinhos tiveram visões mentirosas, 10: 1, 2.
Em resumo: O Senhor, como já se disse, visitou o seu rebanho e o pôs como o cavalo de guerra de sua glória. Os de Judá serão como os valentes de Efraim, e o seu coração se alegrará como com o vinho, 3-12.
Tão abundantes bênçãos, porém, seriam um tanto retardadas. A desolação da terra, tal é o grito profético 11: 1-3. A explicação desta calamidade encontra-se na parábola do pastor rejeitado, 4-17, na contínua rejeição do governo divino por cujo motivo Deus quebrou o seu concerto com todos os povos e Israel foi votado à desolação. Pelo mesmo motivo, a unidade de Judá com Efraim continua rota, resultando daí a fraqueza, a discórdia e a desolação.
Segundo peso: conflitos com o reino de Deus e vitória final. Os povos da terra armar-se-ão contra Jerusalém e contra Judá, que no tempo de Zacarias formavam a igreja visível de Jeová; mas Jeová põe a Jerusalém como a verga de uma porta de embriaguez para todos os povos dos arredores e como pedra de carga para todos eles, ferindo-os de loucura de modo a reconhecerem que os homens de Sião se fortalecerem no Senhor, 12:1-8.
Preparação de Jerusalém, 12:9 até cap. 14:5. Deus prepara Jerusalém, primeiro por uma graciosa mudança espiritual, 12: 10 até cap. 13: 6; segundo, por meio de uma punição santificadora, 13: 7, até cap. 14: 5.
Vitória final, 5-21. O Senhor virá: nesse dia não haverá luz, mas sim frio e gelo. E na tarde desse dia aparecerá a luz. A igreja florescerá, e todos os que restarem de todas as gentes que vieram contra Jerusalém, virão a ela de ano a ano a adorar o rei, o Senhor dos Exércitos. Chegará então o reino de Deus e a igreja será santa.
MALAQUIAS ( Meu mensageiro, ou mensageiro de Jeová )
Nome de um profeta escritor do último livro do Antigo Testamento, Ml 1:1. Nada se conhece a seu respeito além do que se lê no seu livro. De acordo com o significado do nome, 3:1. Alguns supõem que este nome de Malaquias, não é o próprio nome do escritor, e sim a designação de um profeta, que talvez seja Esdras. Porém com todos os onze profetas menores que o precedem, tenham os seus nomes prefixados à suas traduções, é de supor que assim seja com a profecia de Malaquias.

O LIVRO DE MALAQUIAS

Este livro pode dividir-se da seguinte forma:
1. O amor de Deus para com Israel, escolhendo Jacó em lugar de Esaú, 1:2-5, não foi devidamente reconhecido: (a) Os sacerdotes e o povo, 6, 14, desonraram a Deus, oferecendo-lhe pão imundo e hóstias cegas e reses mancas e doentes, 6-14. Ameaças por se haverem apartado das normas por Deus estabelecidas para as funções sacerdotais, 2:1-9. (b) O povo contaminou a santificação do Senhor e se casou com a filha de um deus estranho, 11, desprezando a mulher de sua puberdade, 14, 16, e praticando atos de violência, 2:10-17.
2. Juízo iminente. O anjo de Deus vai preparar o caminho do Senhor, que virá a seu tempo, o mensageiro do Pacto virá para purificar a Levi e visitar os que praticam o mal, 3:1-6; cp. Êx 23:20-23; Mt 11:10. 3. Chamar ao arrependimento; porque o Senhor virá com bênçãos e juízos, reduzindo aos que não fazem distinção entre o bem e o mal. Os que se voltarem de seus caminhos da maldade para Deus, serão o seu pecúlio; porém, os maus serão feitos como cinza debaixo dos pés, 3:7 até cap. 4:3. Exortações para observarem as leis de Moisés; anúncio sobre a vinda de Elias para preparar o caminho do Senhor, antes da sua vinda, 4:4-6; Mt 17:10-13; Lc 1:17.
No tempo desta profecia, o povo judeu não tinha rei, era regido por um governador, Ml 1:8, talvez um persa, nomeado pelo imperador, Ne 5:14. O templo que Zorobabel havia levantado estava em pé, e também o altar; ofereciam-se sacrifícios como dantes, 1:7-10, concluindo, pois, que Malaquias foi posterior a Ageu e Zacarias. Porém as manifestações de nova vida religiosa, que irrompeu logo depois da volta do cativeiro de Babilônia, de que tinha resultado a reconstrução do templo e das fortificações da cidade, tiveram tempo suficiente para se expandir. Sacerdotes e levitas haviam-se corrompido. A data deste livro, segundo Vitringa, é 420 e segundo Davidson, 460-450, A. C.

Conclusão

Embora obras modernas sobre os profetas dão ênfase  a mensagem social de cada um deles, tais como:  corrupção política, opressão e a podridão moral da nação.
No entanto o que mais incomodava os profetas era a “idolatria e rebeldia” do povo contra o Senhor.
O povo tinha idéias erradas a respeito de Deus, pois o Senhor somente se preocupava com o bem estar do seu povo, queria um povo que O adorasse e acima de tudo O respeitasse. Um povo que não se prostrasse diante de outros deuses, mas, como já falamos o povo tinha uma visão errônea a respeito de Deus, e como a própria Escritura diz era um povo de dura cerviz, e se esqueciam e afastavam-se do Senhor e O desobedecia.
Nestes momentos o Senhor levantava profetas, verdadeiros homens que se colocavam debaixo da Sua orientação para admoestar o povo, chama-los ao arrependimento, muitos sofreram perseguições cruéis e tiveram mortes tristes mais sempre obedeceram e levaram a palavra do Senhor a um povo rebelde.
Não somente levaram a mensagem, mas também preparavam os corações daquele povo para a vinda de Jesus, o futuro libertador e Salvador da nação.
Os profetas falaram e clamaram deram detalhes da vinda de Jesus, onde Ele nasceria, falaram a respeito da sua missão da sua morte, mas aquele povo não abriu o seu coração e não reconheceram a oportunidade da sua visitação.
Tanto clamaram, muitos choraram, todos bradaram em alta voz, até que um dia cessa-se toda a profecia, o Senhor já não levanta mais profetas, mas deixa uma ultima exortação   ( Ml: 4: 4 – 5 ) Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, a qual lhe prescrevi em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos.  Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR.
E assim fecha-se o Antigo Testamento, e o Senhor fica em silencio e a aflição do povo começa, muito sofrimento, muitas perseguições e o povo fica sem Ter um profeta por mais ou menos 400 anos, até que aparece João Batista clamando em alta voz dizendo: “ arrependei-vos, porque esta próximo o reino de Deus” porque este é o referido por intermédio do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
Mais uma oportunidade que aquela nação desperdiçou pois continuavam mais cegos do que antes.
E hoje nós temos a missão de clamar no deserto, não o mesmo deserto que João vivia, mas, um deserto, de maior dificuldade de penetrarmos que são os corações de cada sert humano. Pois Jesus também veio para eles.
E que Deus nos abençoe e nos de força, para que possamos levar a sua mensagem, em Nome de JESUS.


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